O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, desembarcou neste domingo em Nova York, às vésperas do início do tarifão de Donald Trump, que pode impor uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos. A visita ocorre em meio a esforços do governo brasileiro para evitar o impacto dessa medida, que ameaça agravar ainda mais as relações comerciais bilaterais.
Contatos para evitar o tarifão e expectativas de negociações
Apesar de ter compromisso oficial com uma reunião na Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a situação na Palestina, Mauro Vieira tem sido informado de que sua ida a Washington pode ser uma estratégia para destravar as negociações sobre as tarifas. Embaixadores brasileiros em Washington relataram que, até agora, a Casa Branca não sinalizou oficialmente abertura ou resistência quanto ao diálogo.
Segundo fontes do governo brasileiro, emissários da representação do Brasil destacaram que, se os EUA indicarem disposição para conversar sobre tarifas, o ministro também estará disponível para ir à capital americana. Essa possibilidade surge diante da expectativa de que há um entendimento dos Estados Unidos de que o diálogo é necessário para evitar a implementação da sobretaxa de 50%, prevista para entrar em vigor no início de agosto.
Contexto internacional e riscos para o Brasil
Menos de uma semana antes do prazo final para a aplicação da tarifação, Estados Unidos e União Europeia (UE) fecharam um acordo que prevê tarifas de até 15%, evitando uma sobretaxa de 30% para os 27 Estados-membros da UE. Essa experiência de negociação aliviou incertezas no mercado global, mas aumenta a pressão sobre o Brasil, que ainda não conseguiu estabelecer um canal direto de negociação com Washington.
O governo brasileiro, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, tem ressaltado que a questão judicial no Brasil não deve ser usada como instrumento de pressão na relação comercial, apesar dos esforços de Trump de vincular uma possível suspensão de tarifas à reabertura de processos judiciais, incluindo o julgamento de Jair Bolsonaro no STF, que o americano classificou como “uma vergonha internacional”.
Posicionamento do Brasil e obstáculos na negociação
Integrantes do governo brasileiro afirmam que os EUA resistem em reabrir o diálogo comercial porque querem colocar na mesa processos judiciais em andamento no Brasil. Em carta enviada a Washington em maio, o governo Lula solicitou que as autoridades americanas apontassem quais produtos desejam aumentar suas exportações ao Brasil, mas ainda aguarda resposta.
Além disso, assessores de Lula destacam que as negociações não se limitam apenas ao campo comercial, e que canais de comunicação têm sido deliberadamente obstruídos, dificultando avanços importantes. Por sua vez, Trump concedeu várias entrevistas atacando a Justiça brasileira e o ex-presidente Bolsonaro, inclusive mencionando uma investigação contra o militar na área de comércio.
Perspectivas futuras e possíveis desdobramentos
Apesar do esforço diplomático, o cenário permanece tenso. O governo Lula continua reiterando a intenção de negociar exclusivamente a questão comercial com os Estados Unidos. Em 16 de maio, foi enviada uma carta às autoridades americanas solicitando maior abertura para ampliar a relação comercial, sem receber ainda uma resposta definitiva.
Com o prazo apertado, o desfecho dessa disputa continua incerto, mas a possibilidade de uma visita de Mauro Vieira aos Estados Unidos reforça a tentativa de evitar a implementação do tarifão de Trump, que poderia impactar significativamente as exportações brasileiras, gerando problemas para a economia do país.
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