No último domingo (27/7), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) usou suas redes sociais para criticar indiretamente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). A declaração do parlamentar, atualmente em autoexílio nos Estados Unidos, veio a público após Tarcísio expressar suas preocupações sobre o impacto da Tarifa-Moraes, impostos pelo governo de Donald Trump às exportações brasileiras.
A reação de Tarcísio de Freitas
No sábado (26/7), durante um evento promovido pela XP Investimentos, Tarcísio destacou a gravidade das tarifas de 50%, que ele acredita ter o potencial de causar efeitos severos na economia paulista. “Temos feito várias simulações, e o efeito pode ser muito severo, de fato, do ponto de vista de economia, PIB, massa salarial e emprego”, afirmou o governador, que projetou possíveis perdas de 0,3% a 2,7% do PIB, resultando na perda de até 120 mil empregos apenas em São Paulo.
Em sua fala, Tarcísio não só lamentou os efeitos que essas tarifas poderiam ter sobre a economia, mas também criticou a gestão do governo Lula, sugerindo que a divisão interna enfraquece o país em situações como esta. “A pior agressão à soberania é a divisão interna. Se não resolvermos o problema juntos, quem vai perder é o Brasil”, defendeu o governador.
Críticas de Eduardo Bolsonaro
Eduardo Bolsonaro não perdeu a oportunidade de disparar críticas contra o governador. Em sua publicação, ele aconselhou os seguidores a desconfiarem de quem se mostrou preocupado com a Tarifa-Moraes. “Desconfie de quem se mostra preocupado com a Tarifa-Moraes e não fala dos presos políticos ou crise institucional”, escreveu. A crítica, embora não nomeasse Tarcísio, foi claramente direcionada ao governador devido a seu discurso recente.
Em declarações anteriores, Eduardo já havia atacado a postura do governador em relação a essa crise diplomática, insinuando que Tarcísio não estava realmente defendendo os interesses da população. “Se você estivesse olhando para qualquer parte da nossa indústria ou comércio estaria defendendo o fim do regime de exceção que irá destruir a economia brasileira e nossas liberdades”, comentou em uma mensagem que gerou polêmica.
Consequências econômicas e políticas
Além de Tarcísio, diversos setores do agronegócio, como produtores de café, suco de laranja e frutas, estão preocupados com os efeitos das tarifas. O governador ressaltou que a situação é crítica e que, a depender da resposta do Brasil, poderá haver consequências diretas e severas para diferentes ramos da economia. A situação cria não apenas um desafio econômico, mas também uma oportunidade para o jogo político em um cenário já dividido.
As declarações de Eduardo refletem a crescente polarização política em torno do tema, onde os partidos e suas pautas se tornam cada vez mais focados em criticar as ações uns dos outros, mesmo em momentos de crise em que a cooperação poderia ser mais benéfica para todos. O deputado, especialista em provocar polêmicas nas redes sociais, utilizou mais uma vez sua influência digital para ganhar apoio entre seus seguidores, ao criticar a postura de um governador que, tradicionalmente, poderia ser visto como um aliado.
“Estão te enganando, jogando para a plateia e prolongando o sofrimento de quem dizem defender”, completou Eduardo em sua postagem, sugerindo uma falta de ação efetiva por parte do governador.
A batalha retórica entre Eduardo e Tarcísio se insere em um contexto maior de incerteza econômica e de crescente vigilância sobre os interesses nacionais, especialmente quando se trata de decisões que afetam o Brasil em um cenário global cada vez mais competitivo. Resta saber como esse embate irá moldar as futuras relações políticas e, principalmente, as consequências para o povo paulista e brasileiro.
Enquanto isso, o governador continuará defendendo ações para mitigar os efeitos das tarifas, ao mesmo tempo que procura forjar alianças dentro do governo federal para enfrentar os desafios impostos pelas políticas comerciais externas.