Fundado em 20 de abril de 1924, o Clube Atlético Juventus carrega consigo uma rica história, marcada por feitos importantes como a primeira greve geral do Brasil, em 1917, e o famoso “gol mais bonito de Pelé”, em 1959. No entanto, após décadas de glórias e tradições no bairro da Mooca, em São Paulo, o clube está enfrentando um momento de grandes mudanças e incertezas. Sem atividade profissional desde março de 2025, a associação anunciou a desistência de participar da Copa Paulista e só retornará aos campos em 2026. Entretanto, é no campo político que suas principais batalhas estão se desenrolando.
Processo político conturbado no Juventus
O Juventus está passando por um tumultuado processo político que teve início com a recente reeleição do presidente Tadeu Deradeli, que ocorreu por apenas dois votos, e culminou na aprovação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Essa decisão, aprovada por 322 votos favoráveis e 68 contrários, não foi recebida de braços abertos por todos os torcedores, que foram ao bar do Tostão, ao lado do estádio, para lamentar a mudança. Muitas vozes da torcida, especialmente da organizada Setor 2, expressaram sua indignação, afirmando que a “alma do Juventus” foi perdida.
Sentimentos de perda entre os torcedores
Entre os torcedores reside uma profunda desilusão. Henrique Gil, um habitual frequentador dos jogos, afirmou: “Tradicionalmente, não se vende. O clube que amamos morreu”. Essa percepção de perda extrapola a simples resignação; para muitos, a mudança de um clube operário em uma entidade mercantil é a essência da morte da identidade juventina. Enquanto isso, o presidente Deradeli se mantém firme, alegando que o clube continua o mesmo, mas a oposição e boa parte dos adeptos discordam, considerando que a transformação mudará irreversivelmente o Juventus.
A nova sociedade e seus desafios
Após a aprovação da SAF, o Juventus irá receber um aporte inicial de R$ 20 milhões das empresas Contea Capital e Reag Capital Holding S/A. A expectativa é de que a nova administração invista até R$ 480 milhões nos próximos dez anos. Contudo, os novos proprietários enfrentam um grande desafio: a reforma do estádio, que possui partes tombadas pelo município. A promessa de aumentar a capacidade de 4.500 para 9.000 torcedores e promover construções como um hotel e restaurantes esbarra nas limitações impostas pela preservação do patrimônio.
A controvérsia em torno das reformas
Críticos apontam que várias promessas de reformas podem ser inviáveis devido ao tombamento do estádio. O empresário Marcello Betone, que já se candidatou à presidência do clube, alertou que o projeto de ampliação e melhorias anunciado é uma “fake news”, revelando que a Rua Javari não comporta estruturas tão grandiosas, ampliando a incerteza sobre o futuro do Juventus.
Os mais importantes jogadores do Juventus
Historicamente, o Juventus se destacou pela formação de grandes jogadores que passaram por suas fileiras. Entre eles, destacam-se figuras como Julinho Botelho e Félix, que se tornaram ícones do futebol brasileiro. No entanto, a filosofia de desenvolver talentos locais diminuiu consideravelmente desde sua queda no Paulistão em 2008, o que preocupa muitos aficionados.
O futuro do Clube Atlético Juventus está em uma encruzilhada, desafiado por uma reestruturação que gera tanto esperança quanto temor. Em meio a promessas de grandes investimentos e um novo modelo de gestão, a alma do clube, que sempre foi enraizada na comunidade e na tradição, parece estar em risco. Os próximos meses serão cruciais para determinar se o Juventus conseguirá preservar sua identidade enquanto navega por essas águas turbulentas.