Brasil, 27 de julho de 2025
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Brasil busca negociar tarifas com EUA usando minerais estratégicos

O Brasil planeja usar suas reservas de minerais críticos para negociar a reversão das tarifas impostas pelos EUA.

O governo federal brasileiro está em busca de estratégias para reverter a tarifa de 50% que os Estados Unidos impuseram sobre produtos brasileiros, que entrará em vigor no dia 1º de agosto. A negociação promete ser intensa, e uma das principais cartas na mesa se relaciona aos minerais críticos e estratégicos (MCEs), especialmente conhecidos como “terras raras”, que são essenciais para as indústrias automobilística e de energia.

Atração dos EUA pelos minerais brasileiros

Recentemente, na quarta-feira (23/7), o governo dos EUA demonstrou interesse renovado nos MCEs do Brasil. O alerta foi dado por Gabriel Escobar, encarregado de negócios da embaixada dos EUA em Brasília, durante uma reunião com representantes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Este encontro destaca a importância dos minerais brasileiros em um cenário de crescente competitividade global.

Segundo informações do Ibram e do Centrorochas, o setor de rochas no Brasil registrou exportações de US$ 711 milhões para os Estados Unidos em 2024, apresentando um crescimento de 17% em relação ao ano anterior. Contudo, desde o anúncio da tarifa no dia 9 de julho, cerca de 60% das exportações de rochas naturais brasileiras para o mercado norte-americano foram suspensas, com uma previsão de redução de até US$ 40 milhões nas exportações até o final de julho.

O que são as terras raras?

  • As terras raras são um grupo de 17 elementos químicos essenciais para uma ampla gama de produtos tecnológicos modernos.
  • Essas substâncias são fundamentais na fabricação de ímãs permanentes, usados em turbinas eólicas e veículos elétricos, entre outros.
  • Elas também são vitais para a indústria de defesa, presentes em equipamentos militares avançados.
  • O custo de alguns desses minerais é exorbitante; por exemplo, o neodímio e o praseodímio custam cerca de 55 euros (R$ 353) por quilo, enquanto o térbio pode ultrapassar 850 euros (R$ 5.460).
  • Embora chamadas de “raras”, essas terras não são escassas geologicamente, mas a viabilidade econômica da extração é um desafio.

Oportunidades de negociação para o Brasil

O diretor de Geologia e Recursos Minerais do Serviço Geológico do Brasil, Valdir Silveira, acredita que o Brasil possui as condições necessárias para usar suas reservas de minerais estratégicos como uma moeda de troca nas negociações com os EUA. Ele ressaltou que o país é visto como um fornecedor importante desses recursos, essenciais para a alta tecnologia.

“Como país soberano, o Brasil pode sim usar como moeda de troca e tirar proveito da situação atual”, afirmou Silveira.

Valdir Silveira também enfatizou que o Brasil é um parceiro confiável e capacitado no cenário geopolítico atual. O governo brasileiro tem se posicionado ativamente em tópicos globais, como transição energética e segurança alimentar, onde os minerais do Brasil desempenham um papel crucial. “Não haverá transição energética sem a inclusão do Brasil nessa equação”, afirmou.

A posição do presidente Lula

Em uma declaração recente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que os minerais estratégicos brasileiros, como lítio e nióbio, devem ser protegidos como patrimônio do povo brasileiro. Ele enfatizou que todos os recursos naturais do país, como petróleo e ouro, precisam de proteção diante do interesse estrangeiro.

“Este país é do povo brasileiro”, disse Lula, reafirmando a soberania sobre os recursos naturais.

Victor Taranto, um advogado especializado em direito minerário, ressalta que a busca dos EUA por alternativas aos minerais estratégicos da China coloca o Brasil em uma posição favorável nas negociações. Ele acredita que os EUA estão tentando diversificar suas fontes para reduzir a dependência da China, o que poderia favorecer o Brasil. No entanto, ele alerta que as tarifas impostas pelos EUA têm implicações políticas e não se restringem às dimensões econômicas.

Explorando outras oportunidades

Embora o foco atual esteja nas negociações de minerais críticos, Taranto sugere que o Brasil pode explorar sua capacidade agroindustrial e parcerias em energia limpa como planos adicionais. Contudo, ele adverte que esses fatores não garantem a reversão das tarifas, dado que os objetivos da política externa dos EUA são muitos e abrangem interesses variados.

À medida que o Brasil se prepara para essa nova fase de negociações, o uso de suas reservas de minerais críticos será essencial para fortalecer a posição do país frente aos desafios impostos pelas tarifas norte-americanas.

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