A bala baiana, uma guloseima tradicional que combina sabor e história, tem conquistado cada vez mais o paladar dos soteropolitanos. Em um cenário de pandemia e desafios econômicos, o empreendedor Thiago Rebouças encontrou na produção desse doce, conhecido também como bala de coco, uma forma de sustento e uma maneira de relembrar as memórias de infância. Sua empresa, Balas de Vidro da Carola, se destaca no mercado local, vendendo cerca de duas mil unidades por mês.
A origem do doce mais querido da Bahia
Com uma casquinha crocante envolta em brigadeiro e coco ralado, a bala baiana possui raízes que vão muito além do Brasil. Sua origem remonta a Portugal, onde era confeccionada em conventos. As freiras, ao utilizarem as claras de ovos para engomar roupas, encontraram uma maneira de aproveitar as gemas sobra ao criar esse doce. Com a adaptação da receita no Brasil, o leite condensado substituiu as gemas, criando a versão que conhecemos hoje.
Apesar do seu nome, a razão pela qual a bala se tornou ícone da Bahia é um mistério. O doce é frequentemente encontrado em transporte público, bancas de jornal e por pequenos empreendedores, perpetuando a tradição e os hábitos culturais da região. Thiago, por exemplo, recorda como a ideia de empreender surgiu da lembrança das balas que a sua ex-esposa, Carol, recebia como presente de sua mãe.
Uma nova receita para um novo tempo
A produção de balas baianas se intensificou durante a pandemia, quando Thiago e Carol aperfeiçoaram a original receita e passaram a diversificá-la com novos sabores, já que a demanda por estas delícias crescia. A empresa oferece uma gama variada que inclui brigadeiro, ninho, casadinho, doce de leite e até sabores mais exóticos como cupuaçu e pistache. Os preços das guloseimas variam entre R$ 6 e R$ 10.
Além de comercializar os doces nas redes sociais e por aplicativos de entrega, o empresário aceita encomendas para festas e eventos, o que tem sido uma estratégia eficiente para ampliar a clientela. Em certos momentos, as vendas chegaram a até três mil balas em um único mês, gerando uma receita média de R$ 18 mil.
Memórias e nostalgia em cada mordida
Os clientes não apenas compram as balas, mas também levam consigo lembranças da infância. “Nosso lema é ‘bala com gosto de infância’ porque muitos adultos remetem a esses momentos ao experimentar o doce”, explica Thiago. Ele também acrescenta que, embora tenha gerado variações com outros sabores, o tradicional ainda é o mais solicitado pelos soteropolitanos.
A influência do morango do amor
A febre do morango do amor, um doce que viralizou nas redes sociais, levou Thiago a diversificar ainda mais seu portfólio, acrescentando versões que incluem morango. O doce, vendido por R$ 12, apresenta um desafio adicional, pois se deve ter um cuidado especial na produção em dias quentes do verão, algo que ele tem enfrentado com garra.
Ainda assim, os desafios não impediram o empreendedor de se reinventar. A popularidade da bala baiana e de suas inovações resulta numa resposta de carinho do público, criando uma conexão emocional e afetiva com a tradição. Essa transformação reflete um movimento mais amplo, onde comidas tradicionais são reintegradas à cultura contemporânea, reafirmando suas raízes mesmo em tempos modernos.
O mercado em expansão e a concorrência
Competindo agora não somente com doces tradicionais brasileiros, mas também com suas adaptações internacionais, como o que uma empresária baiana está fazendo nos Estados Unidos, Thiago tem visto o potencial de seu produto se expandir. Nos EUA, vendas do morango do amor superaram vendas de 800 unidades em uma semana, com uma intensidade que surpreendeu até mesmo os mais otimistas.
Com um trabalho árduo e uma visão inovadora, Thiago Rebouças se mostra um exemplo de como a tradição e a inovação podem coexistir, trazendo sabores do passado para o presente e firmando a bala baiana como um doce que continua a adoçar a vida dos soteropolitanos.