Brasil, 27 de julho de 2025
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Argentina: poucos dólares saem do “colchão” apesar do plano de Milei

Dados indicam que os argentinos ainda mantêm cerca de US$ 200 bilhões fora do sistema bancário, mesmo com incentivos fiscais do governo

O governo argentino enfrenta dificuldades em transformar a intenção de estimular a retirada de dólares guardados em casa em realidade. Dados da Profit Consultores mostram que, até agora, apenas US$ 1,9 milhão foram depositados em bancos, um valor ínfimo diante da estimativa de US$ 200 bilhões mantidos fora do sistema financeiro pelos argentinos.

Falta de confiança freia a fuga de dólares

Segundo analistas ouvidos pelo GLOBO, a principal razão para esse baixo movimento é a falta de segurança e garantias do plano de Javier Milei, além das expectativas negativas sobre o futuro econômico do país. Muitos argentinos ainda preferem esconder o dinheiro, em locais como armários, cofres domésticos ou objetos de decoração, ao invés de depositá-lo em bancos.

Expectativas e desconfianças

O economista Enrique Szewach, da Profit Consultores, explica que a ausência de regras claras e a insegurança com a legislação fiscal impedem a adesão de grande parte da população ao plano. “A lei de perdão fiscal nunca foi aprovada e há muitas dúvidas, tanto entre os cidadãos quanto nas instituições financeiras”, afirma Szewach.

Além disso, a crise de confiança na economia argentina é agravada por um cenário de expectativas cada vez mais pessimistas, marcadas pela alta inflação e pelo desemprego em ascensão. Dados recentes indicam que a aprovação do governo de Milei está abaixo de 50%, enquanto a imagem do presidente passa por desgaste, embora a preferência eleitoral ainda permaneça relativamente estável.

Desafios políticos e econômicos no horizonte

Milei anunciou a intenção de legalizar dólares não declarados, alegando que muitos argentinos mantêm o dinheiro fora do país por medo de perseguições fiscais e de corrupção. Em discurso, o presidente afirmou: “Vocês não colocaram os dólares debaixo do colchão porque odeiam o país, e sim por medo dos criminosos que roubaram o Brasil com o imposto inflacionário”.

Contudo, o governo enfrenta obstáculos políticos, como a pouca maioria no Congresso e a aproximação das eleições legislativas de setembro na província de Buenos Aires. Essa conjuntura tem dificultado a aprovação de legislações que possam incentivar a entrada de dólares no país, além de aumentar as duvidas sobre a eficácia do plano de Milei.

Mais dificuldades na captação de investimentos

Desde o anúncio do plano econômico, a expectativa de atrair investimentos estrangeiros não se materializou. Fontes de organismos internacionais afirmam que o fluxo de capitais para a Argentina está abaixo do esperado, refletindo a pouca disposição dos investidores de assumir riscos no cenário político e econômico atual. “A euforia com Milei não se converteu em tomadas de risco reais”, comenta uma fonte próxima ao setor financeiro.

Parte do programa de Milei, como a valorização do peso frente ao dólar, criou um “populismo cambial”, com argentinos preferindo gastar mais fora do país, o que impacta ainda mais na economia e na balança de pagamentos. Assim, o populismo fiscal do governo anterior foi substituído por um novo “populismo cambial”, que não contribui para a retomada do crescimento.

Desafios fiscais e sociais

Apesar do aumento das dificuldades, o governo argentino mantém o compromisso de ajuste fiscal, com metas de superávit primário até o fim de 2025. No entanto, há sinais de que a confiança na economia está sendo impactada, e a preocupação com o aumento do desemprego e a desaceleração da atividade econômica cresce. Atualmente, a taxa de desemprego no país chegou a 7,9%, maior do que o registrado no trimestre anterior.

Outro fator preocupante é o atraso na chegada de recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI), que dificultam a implementação de políticas de estímulo e contenção da crise. O governo tenta manter o equilíbrio, mas as limitações fiscais e a instabilidade política dificultam a manutenção do superávit esperado para 2025, estimado em 1,6% do PIB.

Eleições e o impacto político

Organismos internacionais continuam apoiando o programa de ajuste de Milei, que é visto pelo FMI como alinhado às metas de austeridade. Entretanto, analistas alertam que o desgaste de expectativas dentro do país pode prejudicar a estabilidade econômica e a eficácia das reformas futuras. “Há uma crescente insatisfação popular e desconfiança na capacidade do governo de sustentar o crescimento”, avalia o analista político Carlos Fara.

Segundo Fara, o clima de insegurança e a desilusão com o ritmo de recuperação podem levar a uma diminuição da adesão às políticas de Milei na próxima fase da gestão, ampliando o risco de maior instabilidade econômica.

Para mais detalhes, consulte a reportagem completa no GLOBO.

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