Milhares de pessoas se reuniram na Marcha do Orgulho de Amsterdam neste sábado, celebrando tanto a diversidade quanto a luta pelos direitos LGBTQI+, que se encontram cada vez mais ameaçados ao redor do mundo. Organizada pela fundação Pride Amsterdam, a marcha deu início a uma semana de festividades na capital holandesa, que culminará no próximo final de semana com um grande desfile nos famosos canais da cidade.
A importância da luta pelos direitos LGBTQI+
Ben Thomas, residente de Amsterdam e atual detentor do título Mister Bear 2024, afirmou: “Temos um orgulho incrível, porque acontece nos canais, é muito único e famoso.” No entanto, ele destacou que a atenção que a marcha recebe diminuiu, pois eventos festivos muitas vezes ofuscam a verdadeira razão pela qual elas estão sendo realizadas. “As pessoas não estão tão cientes sobre a marcha, pois ela se transformou em uma grande festa e não foca tanto no porquê fazemos isso,” disse Thomas, um educador que trabalha com jovens refugiados.
“Não estamos aqui apenas para festejar, estamos aqui para sermos cidadãos iguais. Estamos aqui pelos nossos direitos!” enfatizou.
O clima de celebração e luta em Amsterdam
Os participantes da marcha, vestidos com roupas vibrantes e coloridas, atravessaram o centro da cidade em um clima de festa, segurando bandeiras e cartazes que diziam “Make America Gay Again” e “Protejam as Bonecas”, uma referência às mulheres trans. Dani van Duin, especialista em TI que se identifica como mulher lésbica, expressou a importância de se fazer ouvir: “É importante estar aqui, mostrar presença. Com tudo o que está acontecendo no mundo, isso está ficando muito assustador, especialmente na América.”
A situação dos direitos LGBTQI+ nos Estados Unidos, que, sob a administração do presidente Donald Trump, tem enfrentado retrocessos significativos, é uma preocupação crescente entre os manifestantes. “As pessoas estão repetindo discursos de ódio da direita e não estão mais pensando,” lamentou Van Duin.
A voz das jovens trans
A estudante Lina van Dinther, de 21 anos, participou da marcha com duas amigas, não apenas para celebrar sua identidade trans, mas também para “esperançosamente melhorar a situação das pessoas trans nos Países Baixos.” Vestindo a bandeira azul, rosa e branca, que representa sua comunidade, ela destacou que a lista de espera para clínicas que oferecem cirurgia de transição pode chegar a seis anos. “É uma questão urgente que precisa ser abordada,” declarou, enfatizando as dificuldades enfrentadas por jovens como ela.
Reflexões sobre solidão e inclusão
Ao final da marcha, em meio ao verdejante Vondelpark de Amsterdam, Frederique Emmerig, vestida com um vestido de verão, observava ao seu redor com um olhar de espanto. “Na minha cidade, sinto que sou a única. É muito solitário,” disse ela, refletindo sobre a necessidade de espaço e apoio para todos dentro da comunidade LGBTQI+.
As marchas do orgulho acontecem em várias cidades ao redor do mundo, ligadas aos eventos dos distúrbios de Stonewall, que iniciaram em Nova Iorque em junho de 1969, o que é considerado o movimento fundador da luta pelos direitos LGBTQI+. Estes eventos servem como um lembrete do progresso feito, mas também das lutas que ainda precisam ser enfrentadas.
À medida que a marcha de 2024 prossegue, a diversidade de vozes e experiências levanta questões centrais sobre inclusão, aceitação e os direitos humanos, enfatizando a importância de continuar a luta pela igualdade e proteção de todos os cidadãos, independentemente de sua identidade sexual ou de gênero.
Enquanto isso, a comunidade LGBTQI+ de Amsterdam e de outras partes do mundo continua a se unir, celebrando a diversidade e questionando os desafios que permanecem, com esperança de um futuro mais inclusivo e igualitário para todos.