Brasil, 27 de julho de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Investimentos do governo dos EUA em empresas privadas crescem

Administração Trump investe em setores estratégicos, alterando o curso do capitalismo americano.

No cenário econômico atual, a administração Trump está realizando investimentos diretos em empresas privadas, um fenômeno raro nos Estados Unidos fora de contextos de guerra ou crises econômicas. Essa mudança de postura reflete uma transição na ideologia do Partido Republicano, que tradicionalmente defendia o capitalismo de mercado livre, em direção a uma aceitação da intervenção estatal em setores considerados cruciais para a segurança nacional.

O envolvimento nas indústrias estratégicas

Recentemente, a Nippon Steel, do Japão, concordou em conceder ao presidente Donald Trump uma “golden share” na U.S. Steel, como condição para uma fusão controversa entre as duas empresas. Com isso, Trump agora possui poder de veto sobre decisões empresariais significativas da terceira maior produtora de aço do país. Durante uma cúpula em Pittsburgh, Trump afirmou: “Você sabe quem tem a golden share? Eu tenho.”

Essa “golden share” é uma forma de controle estatal que lembra a nacionalização, mas sem oferecer os benefícios normalmente associados, como investimentos diretos do governo, conforme explica Sarah Bauerle Danzman, especialista em investimento estrangeiro e segurança nacional do Atlantic Council.

Além disso, há uma disposição crescente da administração em investir diretamente em companhias de capital aberto. Recentemente, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos concordou em comprar uma participação acionária de 400 milhões de dólares na MP Materials, uma mineradora de terras raras, tornando o Pentágono o maior acionista da empresa. Essa interveção representa um modelo sem precedentes de cooperação público-privada na indústria de mineração, conforme destacado por Gracelin Baskaran, especialista em minerais críticos no Center for Strategic and International Studies.

Sinalização para futuras intervenções estatais

O secretário do Interior, Doug Burgum, indicou que mais intervenções podem estar por vir, à medida que a administração Trump desenvolve uma política para apoiar empresas dos EUA em indústrias estratégicas contra a concorrência apoiada pelo Estado da China. Burgum sugeriu que o governo poderia precisar fazer um “investimento em ações em cada uma dessas empresas que está enfrentando a China em minerais críticos.” O investimento do Pentágono na MP Materials serve como um modelo para futuras parcerias público-privadas, segundo o CEO James Litinsky.

Segundo Litinsky, “É um novo caminho a seguir para acelerar os mercados livres e trazer a cadeia de suprimentos de volta ao território nacional.” O governo está apoiando a indústria de mineração na luta contra o que ele chamou de “mercantilismo chinês.”

Modelos de intervenção anteriores

Na história dos Estados Unidos, o governo já interveio em indústrias, especialmente aquelas que têm a ver com a defesa nacional. No entanto, intervenções anteriores eram frequentemente temporárias e ocorriam principalmente durante guerras ou crises econômicas. Um exemplo notável é quando o governo comprou uma participação majoritária na General Motors para evitar a falência da montadora após a crise financeira de 2008. Ao longo da história, houve também bailouts de gigantes como a Lockheed e a Chrysler em momentos críticos.

A ascensão da competição com a China

Atualmente, não estamos enfrentando uma crise econômica ou uma guerra, mas a competição entre grandes potências com a Rússia e a China, além das interrupções na cadeia de suprimentos causadas pela pandemia de Covid-19, têm levado a políticas econômicas mais nacionalistas. A administração dos Estados Unidos tem reconhecido cada vez mais que o modelo econômico da China se baseia em uma sobrecapacidade de manufatura que dificulta a competitividade de outros mercados.

A importância da cadeia de suprimento de terras raras se tornou evidente recentemente, quando Pequim impôs restrições à exportação para os EUA. Automobilísticas advertiram que poderiam parar a produção devido à falta de matérias-primas, obrigando os EUA a reabrir as negociações com a China.

Nesta nova era de competição, a grande questão é se a intervenção estatal pode corrigir as falhas do mercado livre abordando preocupações de segurança nacional em setores como as terras raras. Danzman advertiu que ao tentar corrigir essas falhas de mercado com intervenções governamentais, pode-se desencadear uma nova série de falhas de mercado.

O futuro da economia americana em relação ao papel do governo na indústria continua incerto, mas as mudanças recentes indicam uma nova direção que pode redefinir as políticas econômicas do país para os anos vindouros.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes