No último sábado, durante um evento promovido pela XP Investimentos em São Paulo, três governadores se reuniram para discutir a recente imposição de tarifas pelos Estados Unidos e a postura do governo brasileiro em relação a essa questão. Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União-GO) e Ratinho Júnior (PSD-PR) não hesitaram em criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por sua abordagem, que consideram inadequada e insuficiente para lidar com os impactos econômicos que o tarifaço pode causar.
A insatisfação dos governadores
A insatisfação dos governadores surge em um contexto onde a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos está em jogo, especialmente com as novas tarifas que podem afetar diversas áreas da economia nacional. Ratinho Junior, governador do Paraná, fez um apelo claro durante sua apresentação: “Alguém tem de sentar e conversar com os Estados Unidos, fazer como fizeram os outros países”. Ele criticou a retórica do governo Lula, que parece priorizar a defesa da soberania nacional, em detrimento de negociações que poderiam mitigar os efeitos econômicos negativos das tarifas.
Críticas diretas à postura do governo
Para Ratinho Junior, a posição do governo é inflexível e demonstra falta de estratégia. Ele comparou a situação do Brasil com as medidas que o ex-presidente Donald Trump adotou em relação a outras nações, afirmando que a “desdolarização do comércio” não é uma solução viável, considerando que nem mesmo as grandes potências como a China e a Rússia tomaram essa direção. “É uma falta de inteligência”, afirmou o governador, enfatizando que as relações comerciais entre países são mais importantes do que rivalidades políticas internas.
Já Tarcísio de Freitas, que além de criticar a abordagem de Lula, anunciou que está tentando negociar diretamente com aliados norte-americanos para encontrar uma solução que beneficie o estado de São Paulo, considera que sua postura pode fortalecer as relações entre os países e contrabalançar as medidas punitivas. No entanto, essa busca resultou em um atrito inicial com o deputado Eduardo Bolsonaro, que tem trabalhado em sanções contra o STF, mas, segundo Tarcísio, já foi solucionado. “Estamos conversando, buscando parlamentares e agentes do governo americano que podem se sensibilizar com o problema”, revelou.
Abordagem crítica de Ronaldo Caiado
Ronaldo Caiado, governador de Goiás, também fez acusações severas contra o presidente. Ele desafiou a capacidade de Lula em representar o Brasil internationalmente, afirmando que o presidente se permitiu ser um “marqueteiro” em vez de tomar ações concretas para resolver questões diplomáticas. “Ao invés de usar a chancelaria brasileira, que sempre foi uma das melhores do mundo, fica usando frases de efeito”, criticou Caiado. Para ele, a falta de consulta aos governadores para desenvolver uma estratégia de resposta ao tarifaço demonstra uma desconexão e um desprezo pela importância das relações federativas.
Além disso, ele questionou o que considera hipocrisia na postura de Lula sobre a soberania, lembrando que o presidente elogiou a Rússia durante a invasão da Ucrânia, o que expôs uma contradição entre seu discurso e suas ações.
Perspectivas futuras e necessidade de diálogo
Com os olhos voltados para as eleições presidenciais de 2026, os governadores não apenas levantam suas vozes contra as decisões do atual governo, mas também se colocam em uma posição que poderá influenciar a forma como os eleitores percebem suas lideranças. Enquanto isso, a situação econômica do Brasil exige uma abordagem colaborativa e um diálogo aberto com os Estados Unidos, a fim de mitigar os impactos do tarifaço. A habilidade do governo em gerenciar essa crise e responder às críticas será crucial para a continuidade das relações comerciais e a estabilidade econômica do país.
As afirmações feitas por Tarcísio, Caiado e Ratinho Junior indicam a crescente insatisfação entre as lideranças estaduais com o governo federal, e o futuro das relações comerciais e diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos pode depender da capacidade do presidente Lula de ouvir e adaptar sua estratégia.