Nesta semana, mais de 230 mil páginas relacionadas ao assassinato do reverendo Martin Luther King Jr. foram disponibilizadas no site dos Arquivos Nacionais dos Estados Unidos. A ação, defendida pelo governo de Donald Trump, gerou forte repercussão, especialmente entre familiares e historiadores, que questionam a relevância e o momento da liberação.
Reação de Bernice King à liberação dos arquivos de MLK
Bernice King, filha do líder dos direitos civis, foi contundente em sua fala ao afirmar que o momento da divulgação foi “desafortunado”. Em um comunicado, ela afirmou: “É uma distração de questões mais urgentes e uma tentativa de desviar a atenção dos problemas reais que enfrentamos hoje”.
Em entrevista à Vanity Fair, Bernice acrescentou: “Hoje, não escrevo como CEO do The King Center, mas como alguém que, aos cinco anos, viu seu pai ser brutalmente assassinado. Revisitar esses detalhes dolorosos só aumenta meu trauma”. Ela também destacou que, para ela, pouco há de valor na reabertura dessas feridas, que ela considera como uma oportunidade de relatar o trauma.
Influência política e críticas ao momento da divulgação
Enquanto alguns historiadores consideram que os documentos não revelam novidades acerca do caso, outros apontam uma estratégia política por trás da liberação, que ocorreu sem aviso prévio. Essa campanha, segundo análises, tenta desviar a atenção do escândalo envolvendo os arquivos de Jeffrey Epstein, como apontado por críticos.
O movimento é criticado inclusive por entidades ligadas à memória de Martin Luther King Jr. O King Center, liderado por Bernice, também publicou uma nota oficial expressando descontentamento com a ação, destacando que a liberação foi “desafortunada” e desnecessária neste momento de turbulência social e política.
A controvérsia e o futuro do debate
Especialistas e familiares de MLK têm discutido o impacto que esses documentos podem ter na memória histórica e na privacidade da família. “Reabrir essas feridas não traz justiça, só reviver a dor”, afirmou Bernice em sua última publicação na X, plataforma antes conhecida como Twitter.
O tema polariza opiniões e reforça o debate sobre o uso de arquivos públicos em contextos políticos, além de suscitar questionamentos sobre acessibilidade e privacidade no processo de liberação de informações de relevante impacto emocional e histórico.
Por ora, a controvérsia permanece, evidenciando as tensões entre transparência, memória e os interesses políticos envolvidos na atual conjuntura.