A intensa chuva que atingiu a Região Metropolitana do Rio de Janeiro na última sexta-feira (25) resultou em estragos significativos em São João de Meriti, um dos municípios da Baixada Fluminense. Com a água invadindo residências e interferindo na rotina dos moradores, a situação se transformou em um verdadeiro desafio para quem vive na região. A chuva, considerada atípica para a época do ano, fez com que muitas pessoas passassem o sábado contabilizando os prejuízos e buscando alternativas para salvar o que restou.
A realidade de quem perdeu tudo
O autônomo Jairo Ferreira compartilhou sua experiência angustiante: “Quando consegui acessar minha casa, já estava com um metro de altura de água. Perdemos tudo: geladeira, máquina de lavar, tá tudo aqui”, lamentou, enquanto tentava resgatar móveis encharcados sob a luz do sol que surgia no sábado. Esse cenário não foi isolado. No bairro Jardim Meriti, um muro desabou, atingindo uma igreja que precisou ser interditada.
A tristeza e o desespero também marcaram a fala de Edith Faria Vasconcelos, assistente administrativa, que recordou com emoção a perda de um filho em outra enchente: “Pedi para o vizinho arrancar meu telhado para eu fugir pra casa do meu sobrinho. Já perdi um filho por causa de enchente, tenho trauma”.
Cenário devastador em Venda Velha
Em Venda Velha, um dos bairros mais afetados, o cenário era de destruição. A moradora Jaqueline, que teve sua casa completamente invadida, trouxe à tona o lado mais duro da realidade: “É muito triste ver suas coisas se desfazendo na água sem poder fazer nada.” O alagamento foi rápido e assustador, fazendo a moradora lembrar que nasceu e foi criada ali, e nunca havia visto uma situação tão extrema. “Até minha cachorrinha morreu afogada”, lamentou.
A resposta das autoridades
O prefeito Léo Vieira, em declaração, enfatizou que a chuva foi atípica para a época, acumulando aproximadamente 80mm, um volume compatível com os meses de verão. Ele garantiu que toda a equipe municipal estava mobilizada em um mutirão para limpeza e auxílio às famílias afetadas: “Estamos com toda a equipe em mutirão de limpeza, assistentes sociais cadastrando quem perdeu tudo, e conseguimos apoio do estado com máquinas escavadeiras.” A resposta do governo local parece ser um alívio para os moradores, que esperam por medidas rápidas e eficazes.
Controvérsias sobre as causas dos alagamentos
No entanto, a situação gerou descontentamento entre os moradores, que afirmam que a inauguração de uma fábrica no início do ano piorou os alagamentos na região. Michelle Custódio da Silva, caixa de supermercado, relatou: “Encher sempre encheu, mas nunca dessa maneira. Depois da construção da fábrica, ficou pior. Além de a gente não ter o nosso escoamento, recebemos o deles, a água não tem como escoar.” Essas alegações levantam uma importante discussão sobre o impacto ambiental e as mudanças na infraestrutura da cidade.
A prefeitura declarou que está investigando possíveis alterações no projeto da empresa Pro Logis, que havia recebido licença ambiental anteriormente. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente confirmou que há indícios de mudanças na execução da obra que podem ter contribuído para a intensificação dos alagamentos na região de Venda Velha. O prefeito prometeu que na próxima segunda-feira (28) será divulgado um levantamento sobre o caso.
Enquanto isso, a cidade enfrenta a preocupação constante com novas chuvas e o receio de que a história se repita. Moradores estão de olho nas medidas que a prefeitura tomará e aguardam um suporte eficaz que possa evitar novas tragédias.
A estação das chuvas ainda não acabou, e a esperança é que ocorram melhorias na infraestrutura da cidade, garantindo que incidentes como o ocorrido não voltem a afetar a população de São João de Meriti.