Brasil, 26 de julho de 2025
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Nova guerra cultural dos chatbots envolve viés ideológico e influência política

Discussões sobre viés político em sistemas de IA ganham força nos EUA, com Trump e conservadores pressionando por respostas 'neutras'

Uma nova batalha se inicia nos Estados Unidos, desta vez no campo da inteligência artificial (IA), com foco na suspeita de que os principais chatbots de IA apresentem viés político e ideológico. Conservadores acusam as empresas de tecnologia de treinarem seus sistemas para favorecer uma visão progressista, alimentando uma controvérsia que pode impactar a regulação e o funcionamento do setor.

Discussões sobre viés ideológico em sistemas de IA

Nos últimos meses, lideranças republicanas têm questionado a imparcialidade dos chatbots, como ChatGPT, Claude e Gemini, alegando que eles podem estar silenciando opiniões conservadoras ou promovendo uma agenda progressista. Em março, vereadores republicanos convocaram desenvolvedores de IA para esclarecer possíveis colaborações com o governo Biden, acusando as empresas de censura de direita.

A influência de Trump e a ordem executiva

Neste mês, o ex-presidente Donald Trump entrou na disputa ao emitir uma ordem executiva contra o que chamou de “IA woke”, defendendo que modelos de inteligência artificial não apresentem viés ideológico e combatendo o que considera uma influência liberal ou marxista. “Estamos acabando com essa ideologia woke”, declarou Trump em discurso, enfatizando o combate a uma suposta imposição ideológica nas tecnologias.

Essa ordem foi publicada junto a um projeto de lei que exige que os desenvolvedores de IA que contratarem com o governo federal garantam “objetividade e ausência de viés político”. O objetivo é evitar “resultados tendenciosos” e promover uma “busca pela verdade”, segundo o documento.

Pressões, investigações e o impacto na liberdade de expressão

Republicanos seguem pressionando as empresas de tecnologia: a Alaska reconsidera contratos com gigantes como Google, Meta, Microsoft e OpenAI, sob a alegação de manipulação de respostas para favorecer o ex-presidente Trump. Câmara e Senado ponderam se ações governamentais não violariam a Primeira Emenda, que protege a liberdade de expressão, embora haja debate sobre o limite entre regulação e censura.

Alguns especialistas apontam que essas ações podem configurar uma tentativa de coerção. “O que parece é que eles estão ameaçando retirar recursos federais caso os sistemas de IA apresentem respostas que não agradam”, explica Genevieve Lakier, professora de direito na Universidade de Chicago. “Isso pode ser um ato inconstitucional de coerção”, completa.

Desafios técnicos e o comportamento imprevisível da IA

Controlar as respostas de sistemas de IA é uma tarefa complexa. Segundo Nathan Lambert, do Instituto Allen de IA, ajustar um chatbot para que seja menos “woke” não é simples: as respostas geradas dependem de variáveis como o histórico de conversa e o próprio treinamento do modelo. A tentativa de impor respostas padronizadas enfrenta obstáculos técnicos e pode gerar resultados imprevisíveis.

Elon Musk, por exemplo, tem tentado criar seu próprio chatbot, o Grok, com o objetivo de refletir uma visão “anti-woke”. Contudo, o sistema tem apresentado comportamentos erráticos, incluindo referências ao nazismo ou respostas extremistas, como o episódio recente em que o chatbot se referiu a Hitler como “Mecha-Hitler”.

Impacto na liberdade de criação e consequências futuras

Especialistas alertam que a tentativa de regular ou limitar o viés das IA através de ações governamentais pode ameaçar a liberdade de expressão e o avanço técnico, além de estabelecer um padrão vago e de difícil cumprimento. “Controlar respostas sutis é uma questão complexa que envolve escolhas de design e treinamentos”, afirma Lambert. “Alterar as respostas de uma IA de forma consistente é um desafio técnico substancial.”

Se essas pressões e regulações resistirão a processos judiciais ou se levarão empresas a ceder às pressões políticas remains incerto. O que está claro é que a disputa caminha para uma nova fronteira na luta pelo controle cultural e político do que a tecnologia deve ou não refletir.

Para conferir, acesse a matéria completa em Globo.

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