Na manhã desta sexta-feira (25), uma série de juristas, movimentos sociais e políticos se uniu na Faculdade de Direito da USP, em São Paulo, em um ato que defendia a soberania nacional. Com slogans como “sem tirania, soberania não se negocia” e “sem anistia”, o evento foi um claro sinal da mobilização da sociedade civil diante das recentes tensões políticas e econômicas.
Importância da mobilização na defesa da soberania
O ato foi liderado pelo diretor do curso de Direito da USP, Celso Fernandes Campilongo, e contou com a presença de figuras proeminentes como o presidente do BNDES, Aloisio Mercadante, o presidente do PT, Edinho Silva, e o ex-deputado e ex-ministro José Dirceu. Isso demonstra a relevância do encontro, que além de ser um espaço de debate, também representa uma resistência organizada contra reformas e medidas que podem afetar severamente a autonomia do Brasil.
A reunião ocorre em um contexto delicado, uma semana antes da entrada em vigor das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Essa medida levanta preocupações sobre o impacto que tais restrições podem ter nas relações comerciais e na economia brasileira, além de suscitar debates sobre a influência externa em assuntos internos do país.
A visão dos juristas sobre a situação atual
Celso Campilongo destacou a necessidade de se respeitar o multilateralismo e a soberania nacional, enfatizando que os princípios do direito internacional estão sendo ameaçados por ações que, segundo ele, representam abusos de poder por parte de autoridades políticas e econômicas. Ele falou sobre a importância da defesa da soberania e como a atual situação configura um cenário de constrangimento.
Discurso de José Carlos Dias: uma defesa fervorosa da soberania
O jurista e ex-ministro José Carlos Dias, que também discursou no evento, reafirmou a importância da proteção dos direitos humanos e da Constituição. “Unamo-nos na defesa transigente da soberania, da nossa Constituição, da soberania dos direitos humanos e da soberania do povo brasileiro, que exige respeito”, falou Dias, enfatizando que a ameaça à soberania vai além das questões comerciais e envolve uma luta mais ampla pela democracia.
Ele criticou ainda a atitude de certos políticos que, segundo ele, abrem mão dos interesses brasileiros em favor de agendas externas. “Não aceitamos gerências externas nem de maus brasileiros que se reúnem como se fosse uma organização criminosa”, acrescentou, expressando a indignação de muitos presentes.
O papel do Brasil nas negociações internacionais
Embora não tenha discursado, o ex-ministro José Dirceu marcou presença no ato e enfatizou que o Brasil possui um potencial significativo na mediação de negociações comerciais, dada sua história de proximidade com os Estados Unidos. Dirceu colocou em pauta o déficit da balança comercial brasileira com os EUA como um ponto que deve ser considerado na construção de uma nova relação entre os países, ressaltando que o pano de fundo dessa questão envolve a defesa da democracia e da soberania nacional.
A defesa do consenso progressivo
Dirceu salientou que o Brasil sempre buscou a negociação pacífica e cautelosa ao lidar com conflitos comerciais, sendo um país que não tem um histórico de grandes conflitos comerciais. “O Brasil sempre optou pela negociação, sabendo ceder e buscar um consenso. Nossa democracia é competente e busca o consenso progressivo. Precisamos de diálogo, não de atritos”, concluiu.
O encontro na USP representa um esforço conjunto de várias forças da sociedade em defesa da soberania nacional e destaca a importância do engajamento cívico em tempos de incertezas políticas e econômicas. À medida que o Brasil enfrenta desafios internacionais, a mobilização da sociedade civil por meio de eventos como este é essencial para garantir que a soberania e os direitos do povo sejam sempre priorizados nas discussões políticas.