No último dia 25, durante uma agenda sobre o Novo PAC em Osasco, na Grande São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma comparação contundente entre a ação da família Bolsonaro e o herói nacional Tiradentes, cuja traição resultou em sua execução por lutar pela independência do Brasil. O ponto central do discurso foi a recente imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, anunciadas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A traição de Tiradentes e a atualidade
Durante sua fala, Lula recordou a figura histórica de Tiradentes, que se destacou na Inconfidência Mineira. “Vocês sabem por que Tiradentes foi traído? Silvério dos Reis sabia que Tiradentes estava querendo fazer um movimento para fazer a independência… Apareceu um cara que parecia amigo dele, chamado Silvério dos Reis, e esse cara traiu Tiradentes”, relembrou o presidente, traçando um paralelo entre a traição do inconfidente e o que vê como uma traição atual, feita por aqueles que buscam ajuda externa contra o Brasil.
Lula enfatizou a importância de Tiradentes como mártir pela independência, dizendo que “ele morreu em defesa da independência desse país”. Essa referência histórica serviu para criticar a postura de algumas figuras políticas que, segundo Lula, pedem intervenção estrangeira em questões relacionadas ao Brasil.
Cenário político e a questão das tarifas
As tarifas que agora são alvo de críticos foram anunciadas por Trump em uma carta enviada a Lula, onde menciona explicitamente o ex-presidente Jair Bolsonaro e suas tentativas de interferir na política brasileira. As sanções, que serão implementadas a partir do dia 1º de agosto, geraram grande repercussão e descontentamento entre os líderes brasileiros.
“Esses mesmos cidadãos que se diziam patriotas estão agora agarrados nas botas do presidente dos Estados Unidos, pedindo para ele fazer intervenção no Brasil”, disse Lula, reforçando a ideia de que a situação atual é uma demonstração de falta de patriotismo.
O presidente continua a alertar que a história pode se repetir e que o que está em jogo é a soberania nacional. “Que patriota é esse? Isso é pior do que Silvério dos Reis, porque ele está traindo a nação”, afirmou Lula, sublinhando a gravidade das alegações e a necessidade de um posicionamento firme em relação a ações unilaterais de outros países.
Impacto das ações norte-americanas
A sanção imposta por Trump gerou preocupação em diversos setores, especialmente entre os exportadores brasileiros que executam comércio com os Estados Unidos. Lula prometeu que o Brasil tomará medidas de reciprocidade contra as ações dos norte-americanos, embora, até o momento, não tenha detalhado quais serão essas medidas.
Além disso, a articulação política em torno da imposição dessas tarifas envolveu diretamente o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que, em busca de apoio americano, se licenciou de seu mandato para residir nos Estados Unidos. Essa manobra levantou críticas entre analistas e políticos sobre a necessidade de preservar a autonomia política do Brasil e a integridade de seus representantes diante da influência externa.
Expectativas futuras
Com a proximidade da data em que as tarifas entrarão em vigor, a expectativa é que o governo adotará uma posição firme em resposta. No entanto, até agora, os detalhes sobre essas possíveis ações permanecem indefinidos, criando uma atmosfera de incerteza nos mercados e entre os economistas que analisam as reações do governo Lula frente às ações da administração Trump.
O confronto entre o governo brasileiro e o cenário internacional sob a administração Trump pode ter repercussões significativas, tanto para as relações bilaterais quanto para a própria política interna em um Brasil ainda dividido. A história de Tiradentes, relembrada por Lula, se coloca como uma metáfora poderosa para a resiliência necessária na defesa da soberania nacional e do respeito à democracia.
O desenrolar dos fatos nos próximos dias será crucial para entender como o Brasil irá manejar essas novas tensões e que lições poderão ser aprendidas a partir da história.
Artigo publicado originalmente em Agência Brasil.