O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acionou um alerta sobre os possíveis impactos no Bolsa Família resultantes do tarifaço impostos pelos Estados Unidos ao Brasil. Os interlocutores do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome expressam sua preocupação de que essa medida possa obrigar a administração petista a aumentar o orçamento destinado ao benefício social. Diversos cálculos estão sendo feitos pela pasta, incluindo uma previsão sobre como esta guerra comercial afetará diretamente a economia brasileira.
A relação entre o tarifaço e a economia brasileira
O tarifaço, que começou a ser discutido com a proposta de uma taxação de 50% sobre produtos brasileiros, provoca temores no governo, pois pode resultar não apenas em uma elevação da inflação dos alimentos, mas também na extinção de postos de trabalho. Se a inflação aumentar e o desemprego subir, o ministério teme que além de necessitar de um aumento no valor do Bolsa Família, haja um aumento no número de pessoas que dependem deste suporte financeiro.
Justificativa para o aumento do Bolsa Família
Ainda que a pasta tenha a intenção de aumentar o valor do benefício, isso se deve a uma questão de justiça social e não apenas em resposta ao aumento do custo de vida. O governo não deseja que o aumento do Bolsa Família seja uma resposta apenas a um cenário de crise, mas sim uma medida que contribua para a ascensão social e a melhoria das condições de vida da população.
Preocupações sobre o câmbio e sua relação com a pobreza extrema
Outra questão que o Executivo está monitorando de perto é o impacto do tarifaço sobre o câmbio. Um possível aumento do dólar pode não apenas afetar a economia, mas também alterar os padrões internacionais que definem quem vive em situação de extrema pobreza, que abrange aqueles que sobrevivem com menos de US$ 2,15 por dia. Com a alta do dólar, o piso em reais também aumentaria, o que poderia levar mais brasileiros a serem considerados em situação de pobreza.
Entenda o tarifaço de Trump:
- Trump anunciou, no dia 9 de julho, a taxação de produtos brasileiros em 50%;
- A decisão foi tomada após críticas de Trump sobre a situação política brasileira e sobre julgamentos no país;
- As tarifas estão sendo usadas por Trump como um meio de pressionar por novos acordos comerciais, destacando um motivo ideológico;
- O presidente Lula tem afirmado que o Brasil reagirá por meio da Lei de Reciprocidade e que não aceitará interferências externas;
- O governo brasileiro se queixa da falta de interlocutores disponíveis para negociar soluções para o tarifaço.
Com a proximidade de um ano eleitoral, as preocupações com o aumento do número de pessoas em situação de extrema pobreza, mesmo que isso não signifique uma redução na qualidade de vida, se tornam ainda mais significativas para a Esplanada. A recepção de notícias negativas em relação à pobreza no Brasil pode afetar a imagem do governo, sendo um fator crítico em um ambiente político tão acirrado.
Esforços do governo para mitigar os impactos
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, comentou sobre as conversas realizadas com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick. Ele afirmou que a comunicação foi produtiva, embora as discussões tenham ocorrido em sigilo. O tarifaço está previsto para começar no dia 1º de agosto e Alckmin enfatizou que o Brasil está aberto ao diálogo. “O diálogo não é um monólogo. Reiteramos nossa posição de abertura para negociações”, concluiu.