O governo brasileiro trabalha na elaboração de um pacote de medidas de apoio a exportadores prejudicados pela possível imposição de tarifas pelos Estados Unidos. A estratégia, sob análise no Palácio do Planalto, prioriza setores de bens perecíveis, como frutas, peixes e pequenas empresas, que podem ser mais impactados pela nova tarifa de 50% planejada pelos americanos.
Crise comercial com os EUA e planejamento de ações rápidas
De acordo com interlocutores do governo, o plano prevê um cronograma em etapas de 30, 60 e 90 dias para dar suporte aos exportadores, especialmente aqueles de produtos de rápida deterioração, como peixes e frutas. Alguns itens da pauta exportadora, como café, carnes e suco de laranja, podem precisar de prazos maiores, dependendo da avaliação do governo, principalmente quando se trata de bens duráveis.
Impacto da tarifa e desafios na negociação
Apesar dos esforços brasileiros para abrir canais de diálogo, fontes do Palácio do Planalto afirmam que as portas continuam fechadas por parte do governo americano, concentrando as negociações na Casa Branca. Ainda assim, há a expectativa de que a tarifa de 50%, que entraria em vigor a partir de 1º de agosto, seja implementada, o que reforça a necessidade de ações emergenciais.
Medidas de apoio aos setores mais vulneráveis
O plano em estudo inclui subsídios e linhas de crédito específicas para pequenos exportadores, muitas vezes ligados a cooperativas, como pescadores. Um exemplo citado é a exportação de atum pelo Ceará, onde 55% do pescado é destinado ao mercado americano e o alto custo do produto dificulta vendas no mercado doméstico. Uma das possibilidades avaliadas é a compra e estocagem do produto pelo governo, embora com custos elevados.
Foco em linhas de crédito e apoio financeiro
Segundo informações internas, o governo pretende usar o Fundo de Garantia de Operações (FGO) para oferecer condições diferenciadas de crédito, com prazos de carência e taxas de juros reduzidas, especialmente para pequenas empresas. A estratégia visa compensar os efeitos econômicos das tarifas e garantir a liquidez dos exportadores mais frágeis.
Reação internacional e possibilidade de pressão interna nos EUA
O governo brasileiro também busca apoio de outros países e de setores americanos afetados pelo embargo, esperando que a pressão interna nos Estados Unidos leve o governo Trump a recuar. A agenda diplomática inclui esforços para manter o diálogo, embora a agenda de negociações ainda seja incerta, com a ida do vice-presidente Geraldo Alckmin a Washington dificultada por questões de recepção oficial.
Considerações finais e impactos futuros
Estimativas prévias indicam que o custo do socorro aos exportadores pode atingir cerca de R$ 6 bilhões, semelhantes aos valores desembolsados na ajuda ao Rio Grande do Sul após enchentes em 2024. O uso de fundos específicos e a tentativa de envolver setores prejudicados sinalizam a preocupação do governo com a manutenção das exportações de produtos essenciais, como frutas, carnes e pescados, diante do cenário de guerra comercial.
Mais detalhes sobre as ações e negociações podem ser acessados na reportagem do O Globo.