As tensões entre Brasil e Estados Unidos ganharam um novo ingrediente nesta semana: o interesse americano por minerais raros e terras-raras brasileiras, essenciais para o desenvolvimento de tecnologias avançadas. Contudo, o assunto ainda está em estágio preliminar, sem integração formal nas negociações oficiais, que permanecem carregadas de incertezas e tensões políticas.
Minerais raros entram na pauta de interesses dos EUA
Durante encontro de 50 minutos entre o vice-presidente Geraldo Alckmin e o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, nesta semana, o tema das terras-raras brasileiras surgiu de forma tangencial, após contato do encarregado de Negócios dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, com empresas privadas. Especialistas explicam que as terras-raras brasileiras possuem um potencial estratégico significativo, dado suas reservas relevantes no país, que despertam o interesse do Pentágono e do governo americano.
Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, a exploração dessas reservas depende de decisões políticas e do controle da União, já que, atualmente, a maior parte da exploração é concedida por direitos específicos. “Precisamos de diálogo com o governo federal para definir uma estratégia”, afirmou Jungmann, ao reconhecer que o setor de mineração brasileiro é mais importador do que exportador de minerais para os EUA.
Implicações geopolíticas e interesses comerciais
O interesse dos EUA por terras-raras brasileiras ocorre em um contexto de forte movimentação geopolítica. O Departamento de Defesa dos EUA, por exemplo, tornou-se acionista de uma empresa americana especializada na produção de matérias-primas críticas, reforçando o papel estratégico desses minerais na política de segurança nacional. Fonte
Por outro lado, a relação bilateral é marcada por uma crise de confiança. Segundo analistas, a abordagem lateral de Escobar, sem um mandato claro do governo americano, demonstra uma tentativa de demonstrar potência e interesse estratégico, sem formalizar uma negociação direta. “O Brasil ainda não é considerado um parceiro prioritário na agenda americana de minerais críticos”, avalia especialista em geopolítica energética.
Contexto político e tensões internas
Além da negociação sobre minerais, o cenário político internacional influencia as relações Brasil-EUA. A declaração recente do subsecretário de Diplomacia Pública dos EUA, Darren Beattie, acusando o ministro Alexandre de Moraes de liderar uma ‘perseguição’ ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mostra o grau de complexidade e envolvimento político na dinâmica atual. Fonte
Essas declarações reforçam que a disputa vai além das questões comerciais, refletindo interesses geopolíticos mais amplos, em um momento de instabilidade institucional e de alinhamento de forças externas.
Perspectivas e desafios futuros
O governo brasileiro, liderado por Lula, prepara uma política nacional específica para minerais críticos, tentando ampliar o protagonismo do país na transição energética global. Entretanto, o avanço dessa discussão permanece travado por obstáculos políticos e pela falta de transparência no processo de negociação. Fonte
Especialistas alertam que o potencial multibilionário das terras-raras brasileiras pode reposicionar o país na nova geopolítica da energia, mas é necessário um diálogo oficial e estratégico para que o Brasil possa aproveitar essa oportunidade de modo soberano e sustentável.