Brasil, 26 de julho de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Economista vê ataque de Trump ao Brasil como uma das maiores interferências desde a Guerra Fria

Revista The Economist critica decisão dos EUA de impor tarifas e suspender vistos em meio a tensões políticas com o Brasil

Na sua edição desta quinta-feira (24), a revista britânica The Economist classificou como uma “chocante agressão” a imposição de tarifas de 50% sobre exportações brasileiras e a suspensão dos vistos de ministros do STF pelos Estados Unidos. Segundo a publicação, trata-se de uma das maiores interferências americanas na América Latina desde o fim da Guerra Fria.

Percepção de uma intervenção sem precedentes

A revista destacou que “raramente desde o encerramento do conflito ideological global os EUA tiveram uma intervenção tão profunda na política de um país latino-americano”, em referência ao episódio envolvendo o Brasil. A reportagem chama atenção para o fato de que Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) representam posições ideológicas opostas, com apoiadores de Trump criticando investigações do STF sobre desinformação nas redes sociais.

De acordo com a publicação, o elemento que teria provocado a crise foi a cúpula do BRICS, realizada no Rio de Janeiro em julho, que gerou irritação nos Estados Unidos. A resposta do STF, que impôs restrições ao ex-presidente Jair Bolsonaro em processos por tentativa de golpe, também foi considerada “agressiva”. Bolsonaro, atualmente sob tornozeleira eletrônica e impedido de usar redes sociais, permanece como figura central de tensão com Washington.

Reação de Lula e o impacto no cenário interno

Contrariando as expectativas de que as medidas americanas fortalecessem a direita brasileira, a revista afirma que elas têm, na verdade, aumentado o apoio popular a Lula. Segundo a publicação, “se buscar atrair a ira de Trump era o objetivo, a estratégia fracassou”, e a aprovação de Lula melhorou, com o líder petista liderando as intenções de voto para as próximas eleições.

O congresso brasileiro, controlado por partidos de direita, teria se unido ao apoio a Lula e estaria considerando tarifas retaliatórias contra os EUA, reforçando a tensão diplomática.

Impactos econômicos e regionais

O texto destaca que as exportações brasileiras, especialmente de café, carne e suco de laranja, podem ser significativamente afetadas pelas tarifas americanas, que recairão de maneira desigual nas regiões de maior apoio a Bolsonaro. Até mesmo grupos de agricultores, tradicionalmente alinhados a Bolsonaro, criticaram as tarifas de Trump, classificando-as como uma ação política.

Além disso, a publicação evidencia a insatisfação popular com os ataques ao sistema de pagamento Pix, que estimulou maior competitividade no setor bancário brasileiro. A revista admite que há mérito em algumas reclamações do Brasil sobre práticas comerciais desleais, como o protecionismo da indústria nacional e estímulos governamentais. Contudo, sugere que a preocupação real de Trump pode estar relacionada a interesses econômicos mais amplos, como a busca por minerais no país.

Perspectivas futuras e negociações

Segundo a reportagem, o Brasil tenta desde maio estabelecer contato com a administração de Biden para tratar de um acordo comercial, mas suas tentativas têm sido ignoradas. A revista aponta que o episódio representa uma das maiores crises diplomáticas recentes e reforça a percepção de aumento das tensões entre as duas maiores economias do continente.

Para a The Economist, o episódio demonstra a vulnerabilidade do Brasil diante de pressões externas e evidencia o grau de envolvimento dos Estados Unidos na política latino-americana, na esteira de um contexto global de polarização e conflito de interesses.

Fonte

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes