No cenário político atual, as tensões entre Brasil e Estados Unidos aumentam à medida que o governo Bolsonaro se aproxima de lideranças ligadas ao ex-presidente americano, Donald Trump. As críticas não tardaram a surgir, principalmente entre os aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que demonstraram preocupação com o que consideram uma ingerência dos EUA nas riquezas brasileiras, especialmente em recursos minerais como terras raras e petróleo.
A crítica dos aliados de Lula
Entre os que se manifestaram, destaca-se o deputado Bohn Gass (PT-RS), que apontou a ambição dos EUA por diversos aspectos da economia brasileira, inclusive os sistemas de pagamento (pix), petróleo e os impactos negativos das novas tarifas impostas pelo governo Trump. “Trump sabe que só o bolsonarismo teria a desfaçatez de renegar a soberania para lhe entregar tudo o que ele quer”, destacou Gass em suas postagens nas redes sociais.
Além dele, o ex-senador Roberto Requião (PDT-PR) também criticou a situação, afirmando que Trump quer as “terras raras do Brasil, o petróleo, a água e o governo da República submetido aos seus desejos”. Essas declarações indicam uma crescente insatisfação com a relação entre os dois países e um apelo por uma maior proteção das riquezas nacionais.
A tensão e as novas taxas
Nos Estados Unidos, a articulação em torno do interesse por esses recursos é liderada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que não apenas pediu sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas também se manifestou favorável ao tarifaço, uma medida que visa dificultar a exportação de produtos brasileiros, forçando o governo a uma negociação a favor de interesses americanos.
O interesse do governo dos EUA em estabelecer acordos para a aquisição de recursos minerais brasileiros foi elencado por Gabriel Escobar, que se reuniu com representantes do setor de mineração no Brasil. Essa reunião foi seguida por um encontro com o vice-presidente Geraldo Alckmin, que está à frente das negociações com os EUA, na tentativa de evitar que as exportações brasileiras sejam impactadas pelas novas tarifas, que podem ter um efeito devastador, com a aplicação de taxas de 50% sobre produtos importados.
Projeto legislativo em discussão
Em resposta às ameaças externas, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) revelou estar pensando em apresentar um projeto para garantir que a exploração de terras raras seja mantida sob controle da União. “É para levantar esse debate contra essa ingerência externa que está de olho nas nossas riquezas”, afirmou o parlamentar, que enfatizou a importância de proteger os recursos minerais do Brasil, especialmente aqueles imprescindíveis para ciência e tecnologia.
Sociedade e soberania nacional
O presidente Lula, em um evento recente em Minas Gerais, reafirmou a importância da soberania nacional, afirmando que deve ser construída e preservada pelo “povo brasileiro que trabalha”. O mandatário destacou que o Brasil possui 12% da água doce do mundo e múltiplas riquezas, incluindo petróleo e minerais preciosos, que devem ser protegidos contra a cobiça estrangeira. “Este país é do povo brasileiro”, enfatizou Lula, sublinhando a necessidade de resistência contra as demandas do governo Trump.
À medida que a situação se desenvolve, fica claro que o debate sobre a exploração de recursos naturais brasileiros e a defesa da soberania nacional continuarão a ser temas centrais no discurso político. A preocupação com a integridade das riquezas nacionais reflete uma crescente consciência entre os parlamentares e a população acerca da importância da autonomia e do controle sobre os recursos naturais do país.
O futuro das relações comerciais e diplomáticas entre Brasil e EUA dependerá, em grande medida, de como o governo brasileiro conseguirá equilibrar a pressão externa com a necessidade de proteger suas respectivas riquezas e interesses nacionais.