Na última sexta-feira (25/7), a 7ª Vara Criminal de Brasília acatou a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e tornou o atacante do Flamengo, Bruno Henrique, réu por manipulação de resultado. O jogador é acusado de forçar a recepção de um cartão amarelo durante uma partida do Campeonato Brasileiro de 2023 para favorecer apostadores.
Consequências legais e penas previstas
Com a aceitação da denúncia, Bruno Henrique passa a responder criminalmente por manipulação de resultado esportivo, com uma pena máxima que pode chegar a 17 anos de prisão. O caso, que gerou grande repercussão na mídia, foi revelado em primeira mão pelo Metrópoles. Além de Bruno, seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, também foi denunciado, mas a Justiça rejeitou as acusações contra outros investigados.
Os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) afirmaram que Bruno foi instigado pelo irmão a cometer uma falta deliberada que resultaria na punição com um cartão amarelo durante a partida entre Flamengo e Santos. Segundo os detalhes apresentados, o atacante avisou verbalmente ao irmão sobre sua intenção e, logo após, Wander comunicou essa informação a um grupo de apostadores. Após essa comunicação, foram registradas apostas específicas no cartão amarelo do jogador, o que realmente ocorreu durante a partida.
O papel das apostas e a investigação
A investigação, conduzida pela Polícia Federal (PF), revelou que um dos amigos de Wander disseminou as informações sobre as intenções de Bruno Henrique para um grupo de apostadores. A partir disso, foram feitas apostas significativas com foco no recebimento de cartões amarelos pelo jogador, culminando em um total de 95% das apostas direcionadas especificamente a esse evento. O MPDFT destacou que, em um dos sites de apostas, 98% do volume de apostas sobre cartões estava concentrado na expectativa de que Bruno Henrique recebesse um.
“A análise das contas que desenvolveram as apostas identificou que, ou eram contas recém-criadas com o objetivo específico de apostar nesse resultado, ou eram clientes antigos que mudaram seu padrão habitual e aumentaram drasticamente suas apostas relacionadas a Bruno Henrique”, relataram os promotores.
O cenário se complicou para Bruno após o jogo em questão, onde recebendo o cartão amarelo, ele levou também um cartão vermelho por ofender o árbitro, o que alimentou ainda mais a suspeita sobre suas intenções durante a partida.
Desdobramentos da denúncia
As autoridades competentes registraram a ocorrência inicial da denúncia em 11 de junho deste ano. Além de Bruno e de Wander Nunes, outras nove pessoas foram investigadas pelo envolvimento em esquemas de estelionato e fraude em competições esportivas. A denúncia do MPDFT descreve claramente a combinação entre os envolvidos para garantir o sucesso das apostas, comprometendo a integridade das competições esportivas.
“A presente denúncia tem por objeto a imputação dos crimes de fraude a resultados de eventos associados às competições esportivas, bem como de estelionato, de acordo com as leis vigentes”, destacam os promotores. As instruções do MPDFT visam reforçar a gravidade das ações de corrupção dentro do meio esportivo, ensaiando um tabu que sempre existiu nos bastidores do futebol.
Reação da defesa
Em resposta às acusações, a defesa de Bruno Henrique declarou, em nota ao Metrópoles, que a denúncia é “manifestamente insubsistente” e “aproveitadora”, surgiu em um contexto coincidente com a divulgação da lista de jogadores do Flamengo para o Super Mundial de Clubes da FIFA. A defesa reafirma que as acusações serão refutadas no processo, argumentando que são infundadas e buscam manchar a imagem do atleta.
O caso ainda está em desenvolvimento e deverá passar por mais processos judiciais nos próximos meses. O que se espera é que a Justiça atue de maneira rigorosa para preservar a confiança das competições esportivas e desmascarar comportamentos corruptos que possam minar a essência do jogo limpo.
O desdobramento dessa denúncia poderá impactar não apenas a carreira de Bruno Henrique, mas também a reputação do Flamengo e a relação de torcedores com questões éticas no esporte. À medida que o processo avança, novas informações podem surgir, elucidando ainda mais o envolvimento e as implicações de todos os denunciados nesse caso polêmico.