No dia 24 de julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um discurso importante em Minas Novas (MG), onde enfatizou a necessidade de proteger os minerais estratégicos do Brasil, como o lítio e o nióbio. Este posicionamento ocorre em um contexto em que o governo dos Estados Unidos expressa crescente interesse pelos minérios brasileiros, considerando-os fundamentais para a sua transição energética e para a modernização tecnológica.
Defesa dos recursos minerais brasileiros
Lula afirmou categoricamente: “Temos todo o nosso petróleo para proteger. Temos todo o nosso ouro para proteger. Temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger. E aqui ninguém põe a mão. Este país é do povo brasileiro.” Essa declaração, que ecoou entre os presentes, ressalta a importância do debate sobre a soberania nacional em relação às riquezas naturais.
A declaração do presidente se alinha a uma mensagem mais ampla para a nação, evidenciando que minerais como o lítio e o nióbio são vistos como recursos estratégicos que devem permanecer sob controle nacional. O discurso acontece em um contexto internacional tenso, onde o interesse dos EUA nos recursos minerais do Brasil tem se intensificado.
O interesse crescente dos EUA pelos minerais estratégicos
Durante uma reunião em Brasília, o encarregado de negócios da embaixada norte-americana no Brasil, Gabriel Escobar, reafirmou o interesse dos EUA nos chamados minerais críticos, especialmente os chamados “terras raras”. Esses elementos são fundamentais para a produção de tecnologias avançadas, incluindo chips e baterias, além de serem essenciais para a transição energética global.
Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), confirmou que Escobar reiterou o interesse das autoridades norte-americanas no setor mineral brasileiro — uma preocupação que já havia sido levantada há três meses em um encontro anterior. “O que ele falou é que os EUA tinham interesse nos MCEs”, relatou Jungmann, destacando a continuidade da conversa sobre essa parceria.
As tensões comerciais entre Brasil e EUA
A reunião entre as autoridades brasileiras e americanas ocorre em um momento de crescente tensão comercial. A partir de 1º de agosto, os Estados Unidos devem aplicar uma taxa de 50% sobre produtos brasileiros, uma medida anunciada por Donald Trump. O governo Lula vê essa estratégia como uma retaliação política, especialmente em decorrência dos desentendimentos entre os dois países em relação a decisões judiciais envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Essa escalada nas tensões coloca o Brasil em uma posição delicada, onde a proteção de seus recursos minerais se torna ainda mais relevante em meio a negociações internacionais. A busca por alternativas diante das retaliações se torna um desafio que poderá repercutir nas relações exteriores do país.
O potencial estratégico do Brasil e o papel das terras raras
O Brasil é um dos poucos países que possui reservas significativas de minerais críticos, como nióbio, lítio, cobre, grafite e cobalto — conhecido como terras raras. Isso coloca o país em uma posição privilegiada no cenário global, onde, segundo o Serviço Geológico dos EUA, o Brasil detém a segunda maior reserva conhecida desses materiais, atrás apenas da China.
A China, por sua vez, é a maior produtora de terras raras do mundo e já começou a impor restrições à exportação desses minerais para os EUA, o que intensificou a busca por diversificação de fornecedores por parte do governo norte-americano. Nesse contexto, o interesse por parte dos EUA em explorar parcerias com o Brasil, que tem um grande potencial mineral, é evidente e pode moldar as relações comerciais e diplomáticas entre os dois países nos próximos anos.
A colaboração já se concretizou em acordos com aliados como Ucrânia e Austrália, visando fortalecer o fornecimento de minerais essenciais e reduzir a dependência da China. Com este cenário de crescimento no setor mineral, a criação de um fundo conjunto entre EUA e Ucrânia para exploração de minerais críticos também foi discutida.
O futuro do Brasil no mercado de minerais estratégicos dependerá não apenas da postura do governo diante do interesse estrangeiro, mas também das medidas que o país adotará para preservar sua soberania e proteger seus recursos naturais, que, segundo Lula, pertencem ao povo brasileiro.