A brasileira Ana Catharina, de 34 anos, que participou da edição de verão do Big Brother Portugal, foi eliminada da competição após reagir a um ataque xenofóbico e revelou ao Portugal Giro que tem medo de sair na rua em Lisboa. A situação reflete aumento de casos de xenofobia no país, principalmente contra brasileiras, vítimas frequentes de discriminação.
Reprodução de xenofobia e dificuldades na rua
No hotel reservado aos participantes do programa, Ana Catharina explicou que, por ora, limita seus passeios a voltar do hotel para um restaurante próximo e retornar. “Quando preciso viajar mais longe, só faço acompanhada”, afirmou. Ela também compartilhou que, futuramente, pretende visitar outras regiões de Portugal e um país europeu, sempre com alguém ao seu lado.
Denúncia de xenofobia e situação atual
Um grupo em Portugal denunciou ataques xenofóbicos, reunindo casos semelhantes ao de Ana Catharina. Segundo ela, a maioria das vítimas brasileiras relata episódios de discriminação, muitas vezes justificados por estereótipos históricos. “Ouvi que estou aqui para roubar marido, um preconceito ligado ao folclore português. Em 2020, no Big Brother, também recebi manifestações iguais após me envolver com um português”, contou.
Ataques mais graves e o medo de sair às ruas
De acordo com Ana Catharina, um dos piores ataques que recebeu foi uma ameaça de que ia “para o seu país” e comentários que a chamavam de “louca”. “Tenho medo de sair na rua, quase não saio. Sempre que vou longe, estou acompanhada. Quando almoço de biquíni, dizem que é falta de respeito, uma clara manifestação de misoginia”, desabafou.
Ela comentou que, mesmo após o episódio no programa, a repercussão nas redes sociais se agravou, com inúmeras mensagens de xenofobia. “Fico assustada, não entendo por que em Portugal não assumem esse problema. Quando mencionamos, dizem que estamos ferindo a honra do país, o que não é verdade”, afirmou.
Impacto na vida profissional e na autoestima
A participação de Ana Catharina na televisão também foi afetada. “Após a edição, recebi muitos convites, mas desta vez não. Pelo contrário, recebi centenas de mensagens de xenofobia, o que me assusta. Se dizem que o Brasil é racista, concordo, pois vejo esse racismo também aqui”, afirmou.
Contexto político e ascensão da ultradireita
Ela acredita que a ascensão de partidos de ultradireita valida essas agressões. “Quando líderes políticos, como do partido Chega, reforçam discursos discriminatórios, a população se sente à vontade para expressar suas piores atitudes”, opinou. Ana Catharina também comentou que, nos últimos cinco anos, percebeu uma mudança na atitude dos portugueses, que ficaram mais hostis à imigração.
Desafios na preservação da identidade cultural
Durante a entrevista, ela ressaltou a importância de manter a identidade brasileira mesmo em tempos de regras mais duras na imigração. “Devemos preservar nossa cultura, mas também respeitar as regras de integração. Muitos brasileiros se sentem mais portugueses do que os próprios portugueses, e há aqueles que defendem o partido Chega para tentar afirmar sua origem”‘, explicou.
Reflexos na vida pessoal e profissional
A repercussão do episódio na TV também atingiu a carreira de Ana Catharina. “Antes, recebia convites para trabalhos, mas agora nem isso acontece. Pelo contrário, sou alvo de muitas mensagens de intolerância”, afirmou. Ela descreveu que, mesmo com descendência portuguesa, enfrenta dificuldades devido à crescente intolerância no país.
Ela também revelou que pensa em voltar ao Brasil em breve. “Vou esperar mais um mês, fazer uma viagem e retornar, pois estou ameaçada em todos os âmbitos e sem perspectiva de trabalho”, concluiu.