Brasil, 26 de julho de 2025
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A atualidade da encíclica Rerum Novarum e os desafios de Leão XIV

A nova edição da encíclica Rerum Novarum reforça a necessidade de uma ética social em tempos de crise e desigualdade.

Em um momento em que o mundo enfrenta crescente desigualdade e incertezas sociais, a encíclica social Rerum Novarum, escrita pelo Papa Leão XIII há mais de 130 anos, ressoa como um chamado à reflexão sobre a ética e a responsabilidade social da Igreja. Aldo Cazzullo, jornalista e autor da introdução a uma nova edição da obra, publicada pela HarperCollins e pela Livraria Editora Vaticana, destaca a relevância contínua do texto em uma entrevista ao Vatican News. Ele menciona a necessidade de uma reforma da ética social, refletindo sobre como o legado de Leão XIII é pertinente para o novo pontificado de Leão XIV.

A encíclica e a luta contra a desigualdade

Cazzullo descreve a Rerum Novarum como um documento “extraordinariamente atual”, que traz fortes críticas às crescentes desigualdades sociais e um apelo por dignidade no trabalho. Ele observa que muitos de seus trechos poderiam ser considerados contemporâneos, ressaltando a importância de uma doutrina social cristã que ofereça alternativas a uma sociedade marcada pela indiferença e pelo descaso com as populações mais vulneráveis. “A encíclica é uma obra literária agradável, escrita em um latim claro que facilita a compreensão”, afirma o jornalista.

Dentro deste contexto, Cazzullo acredita que, apesar da crise política e da crescente secularização, os ensinamentos da Igreja se tornam ainda mais necessários. Ele enfatiza que a fé continua sendo uma fonte de esperança para muitos, especialmente em tempos de crise como a pandemia e conflitos globais. “A Igreja possui uma força que não deve ser subestimada”, declara, ressaltando que, em momentos de aflição, a busca por significado leva muitos a se voltar para a fé.

Ressonâncias com a Constituição italiana

Na introdução à encíclica, Cazzullo aponta semelhanças marcantes entre a Rerum Novarum e a Constituição Italiana, que se tornou eficaz sessenta anos depois. Ele destaca dois princípios fundamentais: o respeito ao trabalho e a igualdade. O respeito pelo trabalho, central na encíclica de Leão XIII, ecoa no artigo primeiro da Constituição italiana, que também defende a dignidade de todos como filhos de Deus.

Cazzullo observa que a dignidade humana deve ser reconhecida e não nivelada, um princípio que também é refletido no pensamento franciscano e na luta contra as hierarquias sociais. Essa conexão entre os textos sublinha a atemporalidade das mensagens de Leão XIII em um mundo que ainda enfrenta desigualdades radicais.

Desafios do Papa Leão XIV

Sobre os desafios enfrentados pelo atual Papa Leão XIV, Cazzullo expressa sua admiração pelo Pontífice, ressaltando sua capacidade de comunicar-se com firmeza e serenidade. Ele destaca que assim como Leão XIII lidou com as consequências da revolução industrial, Leão XIV enfrenta uma transformação radical ligada à era digital e à inteligência artificial. “Esse novo cenário traz tanto oportunidades quanto riscos”, afirma Cazzullo, alertando sobre o potencial da tecnologia de ameaçar o trabalho humano.

O jornalista acredita que a ética social deve ser refundada, especialmente em um contexto em que a disparidade econômica se torna cada vez mais evidente. Ele denuncia que os mais ricos são os que menos contribuem para a sociedade e que isso gera um empobrecimento dos serviços públicos essenciais. Para Cazzullo, se a política falha em atender às necessidades dos cidadãos, a mensagem da Igreja torna-se um guia crucial.

A firmeza do Papa e as perspectivas futuras

Por fim, Cazzullo destaca a importância da firmeza do Papa em sua busca pela paz e pela justiça social. O diálogo recente entre Leão XIV e líderes mundiais, incluindo uma conversa com o primeiro-ministro israelense Netanyahu, foi interpretado como um reflexo da coragem do Papa em confrontar questões delicadas e persistir na busca por soluções pacíficas.

Cazzullo conclui que o papel de um líder espiritual é fundamental em tempos de incerteza, destacando a necessidade de cuidar da criação e da dignidade humana. “Um Papa que aponta uma direção clara é essencial não apenas para os fiéis, mas para toda a humanidade”, finaliza, reafirmando o compromisso da Igreja com os valores sociais e éticos que transcendem o tempo.

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