Na terça-feira (23), os mercados globais registraram fortes altas impulsionados pelas perspectivas de negociações favoráveis entre os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão. No Brasil, o Ibovespa fechou em alta de 0,99%, atingindo 135.368 pontos, o maior avanço desde o início do mês, enquanto o dólar caiu 0,8%, negociado a R$ 5,52.
Avanços nas negociações comerciais entre Estados Unidos, União Europeia e Japão
As esperanças de um acordo comercial entre os EUA e a União Europeia, assim como o entendimento selado pelo governo de Donald Trump com o Japão na véspera, contribuíram para a melhora do cenário econômico mundial. Segundo o O Globo, Washington e Bruxelas estão próximas de um entendimento com sobretaxas de 15% sobre a maioria dos produtos europeus, o mesmo percentual acordado recentemente para importações japonesas.
De acordo com o Financial Times, o acordo deve incluir sobretaxas de 15% e impactar setores como automotivo, aço e alumínio. Importações dessas categorias que excederem cotas específicas serão taxadas em até 50%. O movimento ocorre enquanto diplomatas permanecem cautelosos, dado que o pacto precisa ser ratificado por Trump, cuja postura ainda traz elementos de imprevisibilidade.
Reação dos mercados e expectativas futuras
O otimismo dos investidores foi reforçado pelo entendimento com o Japão, que prevê investimentos japoneses de US$ 550 bilhões nos EUA e uma redução nas tarifas sobre importação de veículos de 25% para 15%. As bolsas asiáticas encerraram o dia em alta, com o Nikkei subindo 3,5% e o Hang Seng, de Hong Kong, ganhando 1,4%. As bolsas europeias também avançaram, com o índice alemão DAX valorizando 0,83% e o francês CAC, 1,37%. Nos Estados Unidos, o S&P 500 atingiu novo recorde de 6.358 pontos, avançando 0,78%, enquanto o Nasdaq subiu 0,61%, chegando a 21.020 pontos.
Para analistas, a aproximação das negociações traz alívio às incertezas que marcaram os mercados nos últimos meses. Segundo Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, “o mercado não gosta de incertezas e essa nova rodada de negociações está deixando o mercado um pouco mais tranquilo”. No entanto, especialistas como André Valério, do Banco Inter, ressaltam que a falta de detalhes pode fazer com que o impacto final seja repassado ao consumidor nos Estados Unidos.
Impactos para o Brasil e o cenário de tarifas
O Brasil segue atento às tarifas propostas por Trump, que ameaçam impor tarifas de 50% sobre US$ 117 bilhões em exportações brasileiras, afetando setores como agricultura e industrial. Segundo a Confederação Nacional da Agricultura, a estimativa de perdas é de até US$ 5,8 bilhões caso as tarifas sejam aplicadas na sua totalidade, o que reduziria as exportações em 48%.
Apesar do cenário de aproximação, o governo brasileiro manifesta cautela. Lula conversou com o presidente do México, Claudia Sheinbaum, e planeja uma visita do vice Geraudo Alckmin a Washington para negociar um entendimento mais favorável. Durante a semana, o presidente destacou a importância de fortalecer relações econômicas diante do quadro de incertezas impostas pelas tarifas americanas.
Perspectivas e desafios nas negociações
Diplomatas avaliam que o pacto com os EUA ainda necessita de ratificação, o que mantém o processo num grau de instabilidade. Além disso, Donald Trump sinalizou que as tarifas podem variar entre 15% e 50%, dependendo do relacionamento de cada país com os EUA, o que reforça a cautela do mercado.
Por sua vez, a União Europeia mantém pressão para incluir setores estratégicos no acordo, enquanto busca evitar custos adicionais às suas exportações. Na Ásia, o acordo do Japão com os EUA, que prevê investimentos de US$ 550 bilhões e tarifas reduzidas, gerou otimismo e elevou as bolsas na Ásia e na Europa, influenciando positivamente também os mercados americano e brasileiro.
Em meio às negociações, o mercado mantém-se atento às próximas decisões, enquanto especialistas alertam para o impacto potencial de tarifas elevadas sobre a economia brasileira e as exportações nacionais. A expectativa é de que novos desdobramentos sejam anunciados nas próximas semanas, contribuindo para definir o cenário econômico global nos próximos meses.
*Fonte: Agências internacionais