O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tentou constranger o chefe do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, durante uma visita às obras na sede do órgão nesta quinta-feira (24). Trump reclamou do aumento dos gastos na reforma, mas foi corrigido por Powell ao mencionar que não tinha conhecimento do valor divulgado.
Pressão para redução de juros e contexto político
A visita ocorre em meio à pressão de Trump por uma queda na taxa de juros do Fed, atualmente entre 4,25% e 4,50%. O presidente busca desviar a atenção de uma polêmica envolvendo o caso Jeffrey Epstein. Durante a inspeção, Trump afirmou que o custo da reforma havia subido para US$ 3,1 bilhões, informação que Powell refutou.
Powell recebeu uma folha com os dados de Trump e comentou: “Vocês incluíram um terceiro prédio”, referindo-se ao Martin Building, concluído há cinco anos. O episódio mostra a tentativa do presidente de influenciar as ações do Banco Central, que deve manter sua independência.
Confronto na obra e cobranças internas
Ambos apareceram usando capacetes de proteção no canteiro de obras. Questionado por jornalistas sobre o que faria com um gerente de projeto que estourasse o orçamento, Trump respondeu que “o demitiria”.
Nos bastidores, a Casa Branca aumentou a pressão contra Powell nas últimas semanas. Auxiliares de Trump acusam o Fed de má gestão em reformas de prédios históricos em Washington, cujo custo inicial era de US$ 2,5 bilhões, mas já ultrapassa US$ 3,2 bilhões.
Questões administrativas e possíveis destituições
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, solicitou uma revisão das operações do Fed que não envolvem política monetária, alegando prejuízos operacionais. Apesar da tensão, Trump negou rumores de tentativa de demitir Powell, cuja Lei do Federal Reserve, de 1913, permite sua destituição por “justa causa”, embora sem critérios claros.
Implicações e cenário político
Este episódio ilustra as tensões internas no governo americano sobre a condução da política monetária e a autonomia do Fed. Enquanto Trump tenta pressionar por cortes de juros, Powell busca manter a independência da instituição, mesmo sob críticas.
Especialistas avaliam que o episódio reforça o clima de instabilidade política e a dificuldade de diálogo entre o Executivo e o Banco Central, elementos que podem influenciar as decisões econômicas do país nos próximos meses.
