O presidente Donald Trump e o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, trocaram críticas durante uma visita ao canteiro de obras da renovação do prédio do banco central nesta quinta-feira, 24 de julho. Na ocasião, ambos discutiram os altos custos do projeto de restauração, que já ultrapassaram US$ 2,5 bilhões.
Confronto sobre os custos da reforma do Fed
Trump questionou o valor final da obra, afirmando que os custos haviam atingido US$ 3,1 bilhões, motivo pelo qual Powell tentou corrigir a alegação. O presidente do Fed esclareceu que sua revisão considerava um edifício já concluído e que os custos atuais referiam-se à reforma de duas construções históricas em Washington, incluindo a sede original, construída em 1937.
Segundo fontes do Fed, o orçamento do projeto aumentou de US$ 1,9 bilhão para US$ 2,5 bilhões em 2025, alimentando críticas de que o valor estaria elevado demais. Policiais, especialistas e funcionários do banco justificaram os aumentos por exigências de segurança, como janelas à prova de explosões, além de melhorias como uma elevação do elevador em 45 cm.
Reação de Trump e o conflito com Powell
Questionado por repórteres sobre o que faria se um gestor de seus projetos de construção ultrapassasse o orçamento, Trump respondeu de forma direta: “Eu demitiria ele”. O presidente também reafirmou sua desconfiança em relação às decisões do banco central, manifestando desejo de ver as taxas de juros reduzidas.
“Fora isso, o que posso dizer?”, declarou Trump, que criticou a decisão de Powell de manter as taxas de juros estáveis. Powell justificou a postura do banco, citando preocupações com os efeitos inflacionários das tarifas postas pelos Estados Unidos durante o governo Trump.
Durante o encontro, Trump deu um tapinha no braço de Powell, que riu da situação. O presidente dos EUA afirmou que não queria “levar para o lado pessoal”, embora o conflito entre as lideranças continue evidente.
Implicações políticas e internas
O episódio marca uma escalada pública no atrito entre Trump e Powell, que já criticou o presidente em redes sociais e chegou a discutir a possibilidade de sua demissão, embora tenha afirmado posteriormente que não pretende removê-lo antes do fim do mandato.
Dentro da equipe de Trump, alguns membros, como William Pulte, chegaram a sugerir que Powell teria enganado o Congresso sobre o andamento da reforma, pedindo sua renúncia. Por sua vez, Powell declarou que os relatos sobre os custos da obra eram imprecisos e pediu uma revisão do andamento do projeto ao inspetor-geral do banco.
Detalhes da reforma e críticas
A reforma do Edifício Marriner S. Eccles, sede original do Fed, além de outro prédio histórico em Washington, está sendo conduzida por uma equipe de cerca de 700 a 800 operários diariamente. Segundo funcionários do banco, parte dos custos adicionais é resultado de exigências de segurança, incluindo janelas resistentes a explosões.
Apesar das justificativas, a obra tem sido alvo de críticas devido ao aumento de seu orçamento, que agora é considerado um projeto extravagante e que desperdiça recursos públicos, especialmente com a oposição republicana agora mais vocal.
Perspectivas futuras
Powell afirmou que pediu ao inspetor-geral do Fed para revisar a obra e, até o momento, não indicou intenção de deixar o cargo antes do término do mandato, em maio do próximo ano. A renovação do edifício, considerada uma prioridade pelo Fed, deve continuar mesmo com as tensões geradas durante o processo.
Essa tensão pública revela o clima de divergência entre o executivo e o banco central, influenciando potencialmente as próximas decisões econômicas do país, em um momento de instabilidade política e econômica global.
[Fonte: Globo](https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2025/07/24/trump-confronta-powell-por-gastos-em-reforma-do-predio-do-fed.ghtml)