A nova pesquisa, divulgada na última quinta-feira pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), indicou que a taxa de natalidade nos Estados Unidos caiu para um mínimo histórico, com menos de 1,6 filhos nascidos por mulher em 2024. Este índice representa uma queda significativa em relação à taxa de reposição populacional de 2,1 filhos, necessária para garantir que uma geração substitua a anterior. O fenômeno observado ocorre há quase duas décadas e está ligado a uma série de fatores sociais e econômicos que levaram muitas mulheres a adiar a decisão de ter filhos ou optar por não tê-los.
Impacto da mudança social e econômica
O novo número é comparável às taxas de fertilidade de países ocidentais da Europa, de acordo com dados do Banco Mundial. Para enfrentar essa tendência de baixa, a administração Trump tentou implementar medidas como a expansão do acesso e a redução do custo dos tratamentos de fertilização in vitro (IVF), com a promulgação de uma ordem executiva em fevereiro. A ideia de bônus financeiros para novos nascimentos também foi discutida como uma forma de incentivar os casais a terem mais filhos.
Segundo Will Scharf, secretário de pessoal da Casa Branca, o acesso a tratamentos de fertilização in vitro se tornou “inacessível para muitos americanos”. O custo desses tratamentos pode beirar dezenas de milhares de dólares, e atualmente, as seguradoras de saúde não são obrigadas a cobrir essas despesas. Entretanto, a pesquisadora Leslie Root, da Universidade de Boulder, em Colorado, argumenta que a atual situação de queda na taxa de natalidade não é um motivo para pânico. Root enfatiza que a população americana continua crescendo e que a taxa ainda apresenta um natural aumento — há mais nascimentos do que mortes.
Fatores que contribuem para a queda contínua
Os dados do CDC revelam que as taxas de natalidade estão caindo entre mulheres de diferentes faixas etárias. Karen Guzzo, diretora do Carolina Population Center na Universidade da Carolina do Norte, reforça que pessoas estão se casando mais tarde e expressando preocupações acerca da capacidade financeira e dos recursos necessários para criar filhos em um ambiente estável. “A preocupação não é um bom momento para ter filhos”, afirmou Guzzo.
Ela ainda criticou as medidas adotadas pela administração Trump como sendo superficiais, pois não abordam questões fundamentais como licença parental e cuidados infantis acessíveis. “As ações são mais simbólicas e provavelmente não terão um impacto real na vida dos americanos”, concluiu Guzzo.
O novo relatório do CDC, que se baseou em uma revisão mais completa dos certificados de nascimento, revelou um aumento de 1% nos nascimentos — cerca de 33.000 a mais — em relação ao ano anterior, resultando em um total anual de pouco mais de 3,6 milhões de bebês nascidos. Contudo, esse aumento contrasta com as novas análises que apontaram declínios nos nascimentos entre mulheres na faixa dos 20 e 30 anos, além da estabilização nas taxas de mulheres nos 30 e poucos anos.
Oficiais do CDC atribuíram essas discrepâncias à recalibragem das estimativas populacionais do censo dos EUA, que influenciaram os cálculos das taxas de natalidade. Root concorda que o aumento total da população de mulheres em idade fértil, devido à imigração, pode ter equilibrado pequenos aumentos nos nascimentos nessas faixas etárias.
Conclusão e reflexões sobre o futuro
A queda contínua na taxa de natalidade nos Estados Unidos sinaliza uma mudança profunda nas dinâmicas sociais e econômicas. Enquanto uma geração leva mais tempo para decidir ter filhos — se é que essa decisão ocorre — o governo e a sociedade em geral enfrentam a necessidade de repensar políticas que possam apoiar a formação de famílias. A integração de medidas abrangentes, como cuidados infantis acessíveis e licenças parentais adequadas, pode ser a chave para reverter essa tendência de queda nas taxas de natalidade no futuro.
À medida que a discussões sobre natalidade e políticas familiares continuam, é essencial considerar as diversas necessidades da população e as reais barreiras enfrentadas pelos casais ao decidirem ter filhos.