O cenário político em Minas Gerais ganha atenção redobrada com a recente visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Vale do Jequitinhonha, sua quinta aparição no estado nos últimos quatro meses. Essa frequente presença presidencial não é casual e reflete a relevância que Minas tem para as eleições nacionais, especialmente por ser um termômetro das disputas presidenciais. O petista, ciente dos recentes fracassos do PT nas últimas eleições para o governo mineiro, está determinado a mudar o jogo.
A missão de Lula em Minas Gerais
Nos pleitos de 2018 e 2022, o PT enfrentou derrotas significativas em Minas Gerais, onde o ex-governador Fernando Pimentel e o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, não conseguiram avançar ao segundo turno das eleições. Para evitar um novo vexame, Lula parece ter centrado suas esperanças em Rodrigo Pacheco, atual senador pelo PSD, a quem já chamou de “futuro governador” em um evento anterior. Contudo, a indefinição sobre a candidatura de Pacheco continua a pairar no ar.
Rodrigo Pacheco: entre a candidatura e o STF
Pacheco, conhecido por sua cautela, tem se mostrado discreto sobre suas intenções para 2026. Embora suas atividades recentes indiquem uma disposição em se tornar candidato a governador, ele também sinaliza uma preferência por uma posição no Supremo Tribunal Federal (STF). Em conversas privadas, Pacheco tem expresso seu desejo de aguardar por uma vaga no STF, especialmente se Luís Roberto Barroso decidir antecipar sua aposentadoria, prevista para 2033.
O cenário das pesquisas eleitorais
As pesquisas realizadas em Minas Gerais trazem um obstáculo adicional para Pacheco. Em um estudo recente da Quaest, o senador aparece com apenas 8% nas intenções de voto para governador, significativamente atrás de Cleitinho, do Republicanos, que lidera as pesquisas com 33%. Outros institutos, como Paraná Pesquisas e Futura, mantêm Pacheco em patamares baixos, enquanto o atual vice-governador, Matheus Simões, pré-candidato à sucessão de Zema, pode aumentar sua popularidade conforme as eleições se aproximam.
Movimentações políticas no PSD
No meio dessa indecisão, o presidente do PSD em Minas, Cassio Soares, primo de Pacheco, inicia negociações para uma possível aliança com Simões e o Novo. Em entrevista, Soares argumentou que uma aproximação com a direita parece ser mais “natural” diante do alinhamento atual do partido. Essa estratégia pode ser essencial para garantir que o PSD não perca influência em Minas, alinhando-se ao grupo político de Zema.
A postura de Lula e do governo federal
Enquanto isso, Lula parece não ter um plano alternativo para Minas, conforme revelado em declarações recentes de seu ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que também demonstrou certa relutância em enfrentar a eleição em um cenário onde a direita se mostra forte. Silveira, ao lado de Lula, incentivou Pacheco a se juntar à luta pela recuperação de Minas Gerais, reforçando a expectativa de que uma candidatura sólida poderia beneficiar não apenas o estado, mas também o governo federal.
À medida que as eleições se aproximam, a urgência da decisão de Pacheco cresce. Se o senador optar por se candidatar, terá de fortalecer sua imagem e atrair votos em Minas. No entanto, se preferir o STF, poderá continuar a ver sua popularidade declinando, enfrentando um dilema que o força a escolher entre a ambição política e a segurança de uma carreira no Judiciário.
No jogo político que está se desenhando em Minas Gerais, a decisões tomadas pelos protagonistas nos próximos meses podem moldar não apenas o destino do estado, mas também o cenário nacional, com repercussões que ecoarão nas eleições de 2026.