A Polícia Civil do Rio de Janeiro classificou o rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, conhecido como Oruam, de 25 anos, como um preso de alta periculosidade, ocupando o 2º nível em uma escala de quatro. A classificação foi estipulada na Guia de Recolhimento de Presos, elaborada pela Polinter e enviada à Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). Essa informação surge em meio ao processo contra o artista, que se entregou à polícia na terça-feira, 22 de julho, após um mandado de prisão preventiva emitido pela Justiça do Rio.
A prisão e os crimes atribuídos a Oruam
Oruam foi indiciado por sete crimes, entre eles: tráfico de drogas, associação ao tráfico, resistência, desacato, dano, ameaça e lesão corporal. As acusações surgiram após o rapper, segundo a Polícia Civil, tentar impedir a apreensão de um menor procurado por tráfico e roubo, na noite de 21 de julho. O cantor se apresentou à polícia após uma breve fuga, o que culminou em sua detenção.
Durante uma audiência realizada na tarde de quarta-feira, 23, a Justiça do Rio confirmou a prisão do rapper. A juíza Rachel Assad da Cunha destacou que a audiência de custódia serve apenas para verificar a legalidade da prisão e eventuais maus-tratos. Como não havia indícios de irregularidade e o mandado foi considerado válido, a magistrada determinou que a decisão fosse encaminhada ao juiz responsável pelo caso.
Detalhes sobre o estado de saúde e condições de prisão
Após sua detenção, a Polícia Civil do RJ optou por realizar um exame de corpo de delito para evitar tumultos. O exame foi realizado na sede da Polinter, na Cidade da Polícia, localizada no Jacarezinho, na Zona Norte do Rio. Durante o procedimento, Oruam negou que tivesse sofrido agressões, tortura ou outros tipos de tratamento cruel por parte dos policiais. No entanto, um machucado em uma de suas mãos foi identificado, que segundo ele, ocorreu durante uma tentativa de fuga, quando caiu.
O exame foi acompanhado por seu advogado, Adalberto Santos Pereira, que declarou que a equipe de defesa do rapper se pronunciará ao longo do dia. Assim, o contexto da prisão e a situação do rapper continuam a se desenvolver.
Contexto familiar e a realidade na prisão
Atualmente, Oruam está detido na Penitenciária Serrano Neves, também conhecida como Bangu 3, situada no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio. Ele foi alocado na Ala A, onde estão presos considerados “neutros”, enquanto a Ala B abriga líderes do Comando Vermelho (CV). É importante destacar que o pai do rapper, Márcio Santos Nepomuceno, conhecido como Marcinho VP, é identificado pela polícia como o principal líder da facção e encontra-se atualmente detido no Presídio Federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, enfrentando acusações graves, como assassinato e tráfico de drogas.
Bangu 3 também abriga outros detentos de alta periculosidade ligados ao CV, como Marco Antônio Pereira Firmino, o My Thor, e Leonardo Farinazo Pampuri, o Léo Barrão. Além disso, o artista Marlon Brendon Coelho Couto, conhecido como MC Poze do Rodo, também ficou sob a custódia dessa penitenciária, após ser preso em maio sob suspeitas de apologia ao crime e envolvimento com o tráfico de drogas. Isso mostra a realidade dura e complexa do sistema prisional carioca.
A repercussão do caso
O caso de Oruam já gerou uma série de discussões nas redes sociais e na mídia, levantando questões sobre a relação entre a cultura do rap e o violento cenário do narcotráfico no Brasil. A sua prisão e as acusações trazem à tona uma crítica acerca do tratamento dispensado a artistas que se envolvem com ilicitudes, refletindo sobre a necessidade de um olhar mais crítico e humano sobre esses indivíduos, que muitas vezes já vêm de realidades sociais extremamente vulneráveis.
Enquanto a situação de Oruam continua a evoluir, a classe artística e os fãs estão atentos ao desdobramento do caso, que evidencia tanto os desafios enfrentados por jovens artistas no Brasil quanto o papel da justiça em uma sociedade marcada pela criminalidade. O caso, portanto, não é apenas um evento isolado, mas parte de um fenômeno sociocultural mais amplo que merece análise e reflexão.
O futuro do rapper Oruam é incerto, e ele se torna, mais uma vez, um símbolo das complicações que cercam a interseção entre arte, crime e justiça em um cenário complexo como o do Rio de Janeiro.
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