Os aposentados estão enfrentando dificuldades para obter novos empréstimos consignados após a implementação de uma medida que exige o desbloqueio biométrico pelo aplicativo Meu INSS. A restrição, que tem causado filas e insatisfação, foi adotada em maio para prevenir fraudes, mas tem gerado problemas devido à baixa adesão à biometria, especialmente por beneficiários sem cadastro no TSE.
Impacto na concessão de empréstimos consignados
Segundo dados da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), desde a entrada em vigor da medida, o volume de operações de crédito diminuiu pela metade, passando de R$ 9,6 bilhões em abril para cerca de R$ 4,4 bilhões em maio e R$ 4,5 bilhões em junho. A restrição tem travado a liberação do crédito para cerca de 500 mil aposentados, sendo que 340 mil deles sequer possuem biometria cadastrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Problemas operacionais e limitações do sistema
O sistema do INSS, que possui uma cota mensal limitada de acessos ao sistema de biometria do TSE, tem se esgotado antes do final do mês, especialmente em junho e julho. Essa limitação comprometeu a liberação de novos empréstimos consignados nos últimos dias de junho e no dia 22 de julho, agravando a crise no setor.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que, até o fim de maio, os bancos registraram uma redução de 75% nas operações diárias em relação ao mesmo período de 2024. Ivo Mósca, diretor da entidade, destacou que as instituições estão buscando soluções junto ao INSS e à Dataprev para viabilizar alternativas seguras, sem prejudicar os segurados.
Alternativas e soluções em estudos
Para solucionar o problema, o INSS trabalha com a possibilidade de usar a autenticação pelo gov.br, com credenciais bancárias, como alternativa à biometria no TSE. A proposta, já avaliada positivamente pela Dataprev, deve ser implementada em até duas semanas, segundo informações do setor bancário.
Outra estratégia considerada é a utilização da base da Carteira de Identidade Nacional, prevista para estar disponível em setembro, que já conta com mais de 30 milhões de faces cadastradas.
Respostas do governo e setor bancário
Representantes do setor afirmam que estão empenhados em evitar o corte total no acesso ao crédito, reforçando que a prioridade é garantir a segurança das operações e o atendimento aos aposentados que dependem do consignado para suas necessidades financeiras. Segundo Alex Gonçalves, da ABBC, a parceria com o INSS e a Dataprev visa retomar o nível de oferta de crédito ao segurado.
Perspectivas futuras
A implementação de novas plataformas digitais e o aumento na cota de acessos ao sistema de biometria do TSE são apontadas como passos essenciais para normalizar o acesso aos empréstimos consignados. Enquanto isso, os bancos continuam atendendo aos aposentados nas agências para liberar desbloqueios e orientar os beneficiários sobre as alternativas disponíveis.
O INSS e o setor bancário permanecem unidos na busca por soluções que garantam a segurança, a agilidade e a continuidade do crédito consignado, fundamental para milhões de aposentados brasileiros. A expectativa é que, até meados de agosto, questões operacionais sejam resolvidas e o fluxo de concessões seja retomado gradualmente.
Para mais detalhes sobre as dificuldades enfrentadas pelos aposentados e as medidas tomadas, acesse esta reportagem.