Em uma inovação inédita, o sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, Pix, passou a funcionar também nos Estados Unidos, permitindo que turistas brasileiros paguem em reais diretamente nas maquininhas dos lojistas americanos. A iniciativa é fruto de uma parceria entre a fintech brasileira PagBrasil e a americana Verifone, ampliando o uso do Pix no exterior.
Operação do Pix nos EUA e seus benefícios para os consumidores e lojistas
A novidade é resultado do lançamento do Pix Internacional, uma solução que aceita pagamentos brasileiros por meio das maquininhas dos estabelecimentos nos EUA, com conversão cambial automática e em segundos. Agora, qualquer comerciante americano pode gerar um QR Code para pagamento e o cliente brasileiro escanear com o aplicativo bancário, visualizando o valor convertido em reais, já incluindo o IOF de 3,5%. A transação é instantânea, e o valor é transferido diretamente para a conta do vendedor.
Segundo a fintech PagBrasil, essa ferramenta oferece uma experiência de compra mais confortável, além de vantagens econômicas para os lojistas, que terão custos menores. As transações via Pix Internacional custam cerca de 2%, sem taxas adicionais, em comparação com as operações com cartões de crédito, que podem variar entre 2% e 3%, mais encargos fixos. Como o Pix é uma transferência instantânea, ele também elimina o risco de contestações de pagamento, reduzindo custos operacionais.
Expansão e impacto no mercado de varejo americano
Essa inovação representa um divisor de águas para o setor de comércio nos Estados Unidos, especialmente em destinos turísticos como Nova York e Flórida, onde a presença de brasileiros é significativa. A Verifone, responsável pela tecnologia, detalha que a implementação é compatível com sistemas de pagamento já existentes, sem necessidade de modernizações de hardware, por meio da API de métodos diferentes de pagamento da companhia.
O vice-presidente sênior da Verifone, Madhu Vasu, afirma que essa solução integrada no ponto de venda é um diferencial importante para atender turistas brasileiros, que gastam mais de US$ 4,1 bilhões por ano nos EUA. Para os lojistas, a facilidade de aceitar pagamentos em reais, com taxas competitivas e segurança, potencializa a atração de clientes estrangeiros.
Contexto internacional e resistência dos EUA
Por mais que o Pix esteja ganhando espaço globalmente, a sua expansão para os Estados Unidos ocorre em um momento de tensões diplomáticas. Os Estados Unidos têm manifestado preocupação com a prática, alegando que o sistema brasileiro de pagamento pode prejudicar empresas americanas ao oferecer condições de operação que, segundo o país, podem ser desleais. Ainda assim, o crescimento do Pix reflete uma demanda crescente por métodos de pagamento mais rápidos, seguros e econômicos por parte dos consumidores brasileiros no exterior.
Segundo Ralf Germer, CEO da PagBrasil, a entrada do Pix no mercado norte-americano é uma resposta à expansão do comércio digital e ao aumento do fluxo de turistas brasileiros. Com eventos como a Copa do Mundo de 2026, que deve atrair mais de 6 milhões de visitantes ao país, a expectativa é de que a aceitação do sistema aumente ainda mais nos próximos anos.
Entre as vantagens para os comerciantes, além do menor custo das transações, está a eliminação de riscos de inadimplência e contestação, o que favorece o ambiente de negócios. A tecnologia, que já movimentou mais de R$ 26 trilhões em transferências apenas em 2024, reforça a implementação de uma inovação brasileira com potencial de ampliação internacional.
Olhar para o futuro
O lançamento do Pix nos EUA ocorre enquanto o sistema brasileiro acompanha sua trajetória de sucesso, superando obstáculos políticos e institucionais. A estratégia visa consolidar o Brasil como referência em pagamento eletrônico na América do Sul e ampliar sua presença em mercados internacionais, especialmente naqueles com grande fluxo de turistas e migrantes brasileiros.
A expectativa de especialistas é que essa iniciativa impulsione novas formas de pagamento, fortalecendo a competitividade das empresas brasileiras no cenário global e facilitando a experiência dos consumidores no exterior.
Fonte: O Globo