O padre Gabriel Romanelli, responsável pela Igreja da Sagrada Família em Gaza, descreveu em entrevista exclusiva à EWTN o trauma causado pelo ataque ocorrido em 17 de julho, que resultou em três mortes e 15 feridos, incluindo ele próprio. Romanelli expressou gratidão por a maioria das pessoas não terem se machucado mais gravemente e destacou a vulnerabilidade da comunidade cristã na região marcada por conflito incessante.
Impactos do ataque na igreja e na comunidade de Gaza
Segundo Romanelli, o ataque atingiu a fachada da igreja, onde se localiza uma cruz de aproximadamente 2 metros de altura, que foi danificada por fragmentos de explosão. “Fragmentos de metal voaram em todas as direções”, relatou, acrescentando que, embora haja bombardeios diários, foi a primeira vez que um ataque tão severo atingiu o prédio da paróquia desde o início do conflito.
Ele sofreu uma ferida na perna durante a explosão, atualmente em processo de recuperação, embora com uma infecção menor. Entre os feridos, Romanelli destacou que apenas dois estão fora de perigo — um com uma perna perfurada e outro com danos internos em órgãos vitais.
Vida sob ataque na única paróquia católica de Gaza
Durante os 17 dias que antecederam o ataque, Romanelli descreveu um ambiente de “atividade militar intensa e bombardeios constantes”. Mesmo assim, a comunidade religiosa tenta manter uma rotina de orações matinais, às 7h, com adoração silenciosa perante o Santíssimo Sacramento. “É um milagre conseguirmos orar por paz em meio ao caos”, afirmou.
Devido ao aumento das hostilidades, muitas atividades foram suspensas, incluindo encontros com jovens, jogos e programas educativos. “Fragmentos caem com tanta frequência que não podemos arriscar que alguém esteja no pátio central”, contou. A paróquia abriga cerca de 500 refugiados, a maioria cristã, e pequenas famílias de muçulmanos, ccarecidas por irmãs de ordens religiosas.
As condições de moradia, sem acesso a saneamento adequado e água corrente, aliado ao calor de mais de 40°C, dificultam a permanência dentro das salas de aula adaptadas para abrigar refugiados. Antes do conflito, os jovens participavam de partidas de futebol e basquete à noite antes das orações.
Auxílio humanitário e a urgência por auxílio internacional
Romanelli destacou que, apesar das operações de ajuda realizadas por organizações como Caritas Jerusalém, o acesso a Gaza total ou parcialmente bloqueado, sobretudo na região norte, limita os esforços de socorro. A Igreja mantém dez clínicas — uma fixa e nove móveis —, mas a escassez de suprimentos impede uma assistência mais ampla.
“Precisamos de comida e remédios. Poucos estoques entram em Gaza, especialmente na cidade de Gaza, onde vivem a maioria dos cristãos”, alertou. O cardeal Pierbattista Pizzaballa, patriarca latino de Jerusalém, visitou a cidade após os ataques, mas não conseguiu distribuir ajuda. Romanelli pediu a entrada de mais ajuda humanitária, argumentando que a chegada de suprimentos reduziria o roubo e a violência.
Um apelo pela paz e esperança no sofrimento
Encerrando a entrevista, o padre Romanelli fez um apelo à comunidade internacional e aos fiéis para que rezem e expressem a verdade com justiça. Com esperança na oração e na diplomacia, ele acredita que a paz é possível. “À medida que seguimos a cruz, esperamos pelo domingo da ressurreição. Cristo sofre com os inocentes, mas um dia, a glória brilhará”, afirmou.