Uma pesquisa recente realizada por cientistas da Universidade Duke trouxe uma descoberta inovadora que pode mudar a forma como entendemos o envelhecimento e a saúde a partir dos 40 anos. Um simples exame de ressonância magnética pode revelar quanto tempo uma pessoa pode viver, dependendo da velocidade com que o corpo está envelhecendo. Esse método, baseado na imagem do cérebro, pode ser um divisor de águas na detecção precoce de doenças como o Alzheimer e outras condições crônicas.
A relação entre envelhecimento biológico e saúde
O envelhecimento biológico se refere a como rapidamente o corpo está envelhecendo em comparação com a idade cronológica. Essa diferença pode afetar significativamente a saúde e a expectativa de vida de uma pessoa. No estudo conduzido pela equipe da Duke, os pesquisadores descobriram que um envelhecimento mais rápido está associado a mudanças físicas no cérebro frequentemente observadas em adultos mais velhos, especialmente aqueles que estão passando por um declínio cognitivo.
Para chegar a essas conclusões, os cientistas desenvolveram uma ferramenta chamada DunedinPACN, que, com apenas uma única varredura, calcula o ‘Ritmo de Envelhecimento’ do paciente. Essa análise se baseia em fatores como a área de superfície, volume de massa cinza e o tamanho de regiões específicas do cérebro, como o hipocampo, que é fundamental para a memória.
Resultados alarmantes dos exames
Os resultados obtidos demonstraram que as pessoas cuja análise apontou um envelhecimento acelerado tinham 18% mais chances de serem diagnosticadas com doenças crônicas nos anos seguintes. Além disso, essas pessoas tinham 40% mais probabilidade de falecer dentro desse mesmo intervalo em comparação àquelas que apresentavam um envelhecimento mais lento.
O professor Ahmad Hariri, responsável pela pesquisa, destacou a importância dessa descoberta: “O mais incrível é que conseguimos capturar a velocidade do envelhecimento em dados coletados na meia-idade, ajudando assim na previsão do diagnóstico de demência”, afirmou.
As implicações do novo método de diagnóstico
A DunedinPACN revelou que os indivíduos que apresentaram sinais de envelhecimento mais acelerado também tiveram um desempenho pior em testes de memória e raciocínio, e mostraram uma maior redução no volume do hipocampo. Essa diminuição no volume é claramente ligada a um declínio cognitivo mais rápido, enquanto um aumento no volume dos ventrículos, por sua vez, está associado a uma saúde ruim na vida adulta.
Os resultados sugerem que os ‘envelhecedores rápidos’ são mais propensos a desenvolver problemas de saúde, como fragilidade, infartos, doenças pulmonares ou derrames. “A maneira como envelhecemos é bastante distinta de quantas voltas já demos ao sol”, afirmou Hariri.
Um estudo abrangente e inclusivo
Publicada na revista Nature Aging, a pesquisa focou em participantes com 45 anos, garantindo assim uma maior uniformidade nos resultados. O uso de software avançado, chamado FreeSurfer, permitiu analisar 315 características diferentes do cérebro, incluindo a espessura cortical.
A espessura desta camada pode sugerir uma maior ou menor velocidade de envelhecimento, indicando um desgaste cerebral.
Outra análise foi realizada em 624 pessoas que variavam entre 52 e 89 anos, participantes de um estudo norte-americano sobre o risco de Alzheimer. Os resultados indicaram que os envelhecedores rápidos tinham 60% mais chances de desenvolver demência em suas últimas décadas de vida.
Conclusão: uma nova esperança para a saúde cerebral
Os ‘envelhecedores lentos’, por outro lado, apresentaram cérebros com aparência mais jovem e saudável do que o esperado, como se tivesse um cérebro de 30 anos em um corpo de 45. Esses indivíduos mostraram um córtex mais espesso e um hipocampo maior, além de menos sinais de desgaste, indicando que são menos propensos a desenvolver doenças crônicas e, portanto, têm expectativa de vida maior.
A descoberta traz esperança para um melhor entendimento do envelhecimento e das condições de saúde associadas, reforçando a importância de monitorar a saúde cerebral durante a meia-idade para potencialmente prevenir doenças futuras. Hariri comentou que “a conexão entre o Ritmo de Envelhecimento e a demência mostrou ser igualmente forte entre diferentes origens raciais e econômicas, sugerindo que estamos capturando algo que se reflete em todos os cérebros”.
Essa nova pesquisa não apenas revela informações cruciais sobre nosso envelhecimento, mas também abre espaço para novas abordagens na prevenção de doenças neurodegenerativas e no tratamento da saúde mental da população idosa.