Uma tartaruga-cabeçuda brasileira, conhecida como Jorge, que passou mais de 40 anos em cativeiro na Argentina, está nadando nas águas da Baía de Guanabara. Libertada em 11 de abril deste ano, em Mar del Plata, Jorge agora é monitorada por uma equipe de pesquisadores que acompanham sua trajetória marítima, levantando esperanças sobre sua adaptação à vida livre.
A jornada de Jorge: de cativeiro à liberdade
Com aproximadamente 60 anos e cerca de 130 quilos, Jorge é reconhecida como a tartaruga marinha que mais tempo viveu em cativeiro no mundo. Ele nasceu na Bahia, Brasil, mas sua vida tomou um novo rumo em 1984 quando foi capturada acidentalmente por pescadores em Bahía Blanca, na Argentina. Quando encontrado, estava ferido e em estado de choque térmico. Foi levado a um aquário em Mendoza, onde ganhou popularidade e se tornou uma atração para visitantes.
No entanto, a pressão pela sua libertação cresceu substancialmente com o passar do tempo. Em 2021, um grupo de advogados ambientais entrou com uma ação judicial em busca de sua liberdade, desencadeando um processo que culminou na reintegração de Jorge ao mar, após três anos de reabilitação.
Monitoramento e apoio científico
O trabalho da equipe do Projeto Aruanã, patrocinado pela Petrobras, foi fundamental para apoiar a reintegração de Jorge. Desde a sua libertação, Jorge é monitorado por meio de um dispositivo rastreador via satélite acoplado ao seu casco. As informações georreferenciadas são coletadas pela pesquisadora argentina Laura Prosdocimi e sua equipe, que inclui instituições dedicadas à conservação de tartarugas marinhas.
Esse monitoramento não apenas fornece dados sobre a movimentação de Jorge, mas também permite uma análise mais abrangente dos desafios que as tartarugas marinhas enfrentam em seu habitat natural. O apoio contínuo de iniciativas como a Rede ASO-Tortugas, que reúne pesquisadores de Brasil, Uruguai e Argentina, é essencial para a conservação e proteção das tartarugas na região.
Os desafios da Baía de Guanabara
Jorge chegou à Baía de Guanabara em 16 de julho de 2025, despertando preocupações entre os pesquisadores. Embora a região seja rica em biodiversidade e ofereça abrigo e alimento, como o camarão, a Baía de Guanabara enfrenta desafios severos, como poluição e o tráfego intenso de embarcações, que colocam em risco a sobrevivência das tartarugas. Redes de pesca ilegais têm sido uma preocupação constante, aumentando o risco para a vida marinha local.
Profissionais do Projeto Aruanã estão se empenhando para sensibilizar pescadores e comunidades locais sobre a importância da proteção das tartarugas. Relatos anteriores indicaram a presença de tartarugas-cabeçudas juvenis frequentemente avistadas na Baía de Guanabara, o que destaca a relevância de um monitoramento contínuo e da educação ambiental na área.
Expectativas para o futuro
A trajetória de Jorge representa não apenas a luta pela liberdade de uma tartaruga, mas também oferece uma oportunidade valiosa para que cientistas compreendam melhor os limites e as possibilidades de recuperação da fauna marinha. A colaboração entre diferentes projetos e órgãos governamentais é vital para criar um ambiente mais seguro para as tartarugas marinhas e promover a conservação dos oceanos.
Com a contribuição de pesquisadores, pescadores e organizações ambientais, espera-se que a saga de Jorge inspire mais esforços em direção à proteção das espécies ameaçadas e do ecossistema marinho da Baía de Guanabara.
As “andanças” de Jorge continuam a ser monitoradas, e a equipe do Projeto Aruanã permanece atenta, pronta para agir caso a tartaruga necessite de assistência ao longo de sua jornada. Com isso, Jorge não é apenas um símbolo da resiliência e luta pela liberdade, mas também uma referência na batalha contínua pela conservação marinha.
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