Na última quinta-feira (24), o general Mário Fernandes revelou durante uma audiência no Supremo Tribunal Federal (STF) que foi o idealizador do polêmico plano intitulado “Punhal Verde e Amarelo”. Este documento, segundo seu depoimento, planejava o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ministro do STF, Alexandre de Moraes. As declarações de Fernandes levantam questionamentos sérios sobre a integridade das instituições brasileiras e a segurança dos altos representantes do governo.
A revelação chocante
Em interrogatório, Mário Fernandes, que atuou como secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, admitiu ser o autor do arquivo inicial chamado “Fox_2017.docx”, rebatizado mais tarde como “Punhal Verde e Amarelo”. A Polícia Federal (PF) apreendeu o documento durante investigações que buscam desmantelar uma suposta trama golpista que teria como objetivo manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.
“Esse arquivo digital nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado. Um compilado de dados, um pensamento, uma análise de riscos. Esse pensamento digitalizado não foi compartilhado com ninguém”, defendeu o general. Ele ainda afirmou que o conteúdo do documento estava isolado, sem qualquer intenção de implementação.
Em suas declarações, Fernandes enfatizou que se arrependia de ter “digitalizado” suas ideias e reafirmou que o conteúdo não passava de um “pensamento”. Essa retórica, no entanto, não é suficiente para dissipar as preocupações sobre os reais desdobramentos de tais pensamentos em um contexto político e social já delicado no Brasil.
Contexto das ações de Mário Fernandes
O general está detido desde novembro de 2024 e é réu em um processo que investiga ações diretas que ele e outros indivíduos têm supostamente tomado para minar a democracia e promover o golpe de Estado. Além dele, outros envolvidos no núcleo 2 do esquema incluem figuras proeminentes que ocupavam cargos chave durante o governo Bolsonaro, como Silvinei Vasques, ex-diretor geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), e Fernando de Sousa Oliveira, ex-secretário-adjunto da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.
Conexões com o governo Bolsonaro
Os investigados são acusados de usar recursos estatais, como a PRF, para criar barreiras ao acesso de eleitores nas eleições de 2022, em particular na região Nordeste, onde Lula teve uma significativa vantagem nas urnas. Mário Fernandes, conforme denúncias da Procuradoria Geral da República (PGR), estava encarregado de coordenar ações de vigilância e neutralização de figuras públicas que poderiam ser adversárias aos interesses do então presidente.
Tais ações visavam, segundo a PGR, sustentar uma permanência ilegítima de Bolsonaro no poder, criando um estado de insegurança jurídica e política. As informações vêm à tona em um momento crítico, onde o país ainda se recupera dos impactos das polarizações e tensões políticas instauradas durante e após o período eleitoral.
Considerações Finais
A trajetória de Mario Fernandes, que começa como um alto oficial das Forças Armadas e secretário na presidência, agora se vê marcada por um grave escândalo. Sua confissão sobre o plano arquitetado para assassinar dois dos principais representantes do governo atual coloca em xeque não apenas sua credibilidade, mas também as estruturas de segurança que deveriam garantir a integridade do sistema democrático do Brasil.
À medida que as investigações progridem, a sociedade civil se liga a um apelo urgente por transparência e responsabilidade. A curta história desse “pensamento digitalizado” levanta inúmeras questões sobre a ética e conduta no serviço público, além da segurança de lideranças políticas frente a ameaças sem precedentes na história recente do Brasil.
Os desdobramentos deste caso reforçam a necessidade de um debate amplo sobre a segurança pública e as responsabilidades que homens de poder possuem, nesse contexto desafiador e inquietante para a nossa democracia.