Na segunda-feira, mais de 230 mil páginas relacionadas ao assassinato de Rev. Dr. Martin Luther King Jr., ocorrido em 1968, foram divulgadas pelo site dos Arquivos Nacionais dos Estados Unidos. A liberação ocorreu sem aviso prévio e gerou reações fortes, especialmente de Bernice King, filha do líder, que afirmou que a ação foi uma distração de questões mais urgentes.
Reação da família e da sociedade
Bernice King, CEO do The King Center, declarou ao jornal Vanity Fair que não se sente preparada para revisitar os detalhes traumáticos do assassinato do pai. “Hoje, não falando como líder do centro, mas como pessoa, questiono por que tenho que confrontar novamente algo tão confuso e angustiante para mim desde uma criança”, afirmou.
Numa postagem breve no X (antigo Twitter), ela acrescentou: “Agora, façam os arquivos do Epstein”, sinalizando sua insatisfação com o timing da divulgação.
Críticas ao conteúdo e às motivações
Especialistas dedicados à história de Dr. King argumentam que os arquivos não trazem novidades relevantes para a compreensão do caso, reforçando a ideia de que a liberação serve mais a fins políticos do que a uma verdadeira transparência. Segundo o The New York Times, “os arquivos incluem pouco ou nada de novo já divulgado”.
Outros críticos, como o apresentador Rev. Al Sharpton, veem a liberação como uma manobra para desviar a atenção das discussões sobre os arquivos relacionados a Jeffrey Epstein.
Posição das instituições e do público
A família de Dr. King, representada pelo The King Center, considerou a divulgação “desafortunada” e uma dispersão de foco diante de problemas sociais mais urgentes. “A liberação ocorre em um momento de múltiplas crises no país e no mundo, tornando-se uma distração de questões mais essenciais”, dizia a nota oficial do centro.
Bernice acrescentou, em entrevista à Vanity Fair, que o episódio reacende traumas dolorosos, ressaltando que prefere não revisitar detalhes tão violentos e impactantes da história do pai: “Não vejo valor nisso; só revivendo a dor”.
Impacto e próximos passos
Especialistas avaliam que a liberação tem impacto limitado em termos de novas informações e que sua motivação política é evidente. A expectativa é de que essa controvérsia alimentará debates sobre transparência, história e interesses políticos na época.
Pessoas próximas à família e pesquisadores continuam solicitando que outros arquivos sensíveis, como os relacionados a Epstein, sejam divulgados de forma transparente e responsável, priorizando a memória e o respeito à história de Dr. King.