Brasil, 25 de julho de 2025
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Ex-diretora de inteligência do Ministério da Justiça depõe no STF

Marília Alencar confirma relatórios sobre eleições de 2022, mas nega direcionamento político da PRF.

Na manhã desta quinta-feira, a ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, Marília Ferreira Alencar, prestou depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF) em um caso que revela tensões políticas durante as eleições de 2022. Marília, que atuou na gestão de Anderson Torres, confirmou a encomenda de relatórios de inteligência que analisavam cidades dominadas por Lula e Bolsonaro, mas negou a utilização dos dados para orientar a ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Os relatórios e suas consequências

De acordo com a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Marília e Anderson Torres são réus em um caso penal relacionado a uma suposta trama golpista. Segundo a acusação, os relatórios encomendados por Marília tinham como objetivo coletar informações sobre os municípios onde Lula da Silva obtinha votações expressivas e onde Jair Bolsonaro era derrotado, com um foco especial em cidades da Região Nordeste.

Marília defendeu que os dados eram coletados para sanar disparidades nas votações de ambos os candidatos em todas as regiões do país, e não apenas direcionados a Lula ou ao Nordeste. Ela reforçou que o filtro de coleta de dados se baseava em candidatos que apresentavam uma intenção de voto superior a 70%, e que nunca compartilhou essas informações com a PRF. “O BI quando está publicado, você pode abrir o acesso para várias pessoas. Isso não foi feito, era para análise interna”, disse Marília.

Divergências de depoimentos

Contudo, a versão de Marília entra em contradição com o depoimento do analista Clebson Ferreira de Paula Vieira, que afirmou à PGR que a PRF agiu no dia das eleições com base nas informações dos relatórios. Vieira afirmou que as ações da PRF, que incluíam blitze em municípios onde Lula teve voto acima de 75%, estavam diretamente ligadas aos BIs que ele havia produzido.

Marília refutou veementemente que os relatórios fossem usados para dar direcionamento às operações da PRF, salientando que sua tarefa era elaborar documentos para auxiliar ações de coibição de compra de votos. No entanto, ela não apresentou evidências de que casos concretos de compra de votos tenham sido identificados através dos relatórios produzidos.

Comunicações no grupo “EM OFF”

A PGR apresentou também evidências coletadas de conversas no celular de Fernando de Sousa Oliveira, ex-diretor de Operações do Ministério da Justiça. Essas mensagens sugerem um direcionamento político por parte da PRF. Em um grupo de WhatsApp chamado “EM OFF”, Marília teceu comentários que indicam uma clara inclinação política em relação aos municípios favoráveis a Lula. Uma das mensagens afirmava: “em Belford Roxo o prefeito é vermelho precisa reforçar PF”, em referência ao contexto eleitoral do município.

Além disso, Marília fez comentários sobre a postura de Torres durante uma reunião em que teriam discutido o policiamento. Ela se referiu a ele de forma coloquial, insinuando que não era neutro em suas decisões. Em conversas, mencionou que Torres “meteu logo um 22” em alusão a um favorecimento a Bolsonaro.

Mobilização da PRF e críticas

Documentos da PGR indicam que a PRF mobilizou um número desproporcional de policiais no Nordeste durante o segundo turno das eleições, com a região concentrando o maior número de fiscais e ônibus retidos. Tais dados foram levantados após a análise da atual gestão da PRF e mostram que a estratégia de policiamento pareceu estar alinhada a interesses políticos em determinados contextos eleitorais.

Marília Ferreira Alencar também foi questionada sobre os erros de segurança que possibilitaram os atos de vandalismo ocorridos em 8 de janeiro. Ela afirmou que cumpriu seu dever ao monitorar os movimentos de grupos opositores, mas não apresentou explicações satisfatórias sobre as falhas de policiamento que permitiram a ocorrência de tais eventos.

O depoimento de Marília Alencar é um dos muitos capítulos de uma trama política complexa que continua a obter desdobramentos dentro do cenário nacional, mantendo o foco em questões éticas e administrativas dentro das instituições governamentais.

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