O governo dos Estados Unidos manifestou interesse em firmar acordos com o Brasil para a compra de minerais estratégicos como lítio, nióbio e terras raras. A mensagem foi transmitida por Gabriel Escobar, encarregado de negócios da embaixada americana em Brasília, durante reunião com representantes do setor de mineração brasileiro na última quarta-feira. A visita ocorre em um momento de tensões bilaterais e crise diplomática entre os dois países.
Interesse dos EUA por minerais críticos e reações brasileiras
Segundo Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Escobar deixou claro que qualquer negociação deve ser decidida pelo governo brasileiro, uma vez que esses minerais são bens da União. “Foi demonstrado o interesse dos EUA nos minerais críticos, mas ficamos responsáveis por decidir territorialmente essa questão”, afirmou Jungmann ao GLOBO.
O caso foi levado ao vice-presidente Geraldo Alckmin, que lidera as negociações com os EUA para evitar a aplicação de uma sobretaxa de 50% na exportação de certos minerais brasileiros, prevista para agosto. Interlocutores do governo reforçaram que as empresas brasileiras têm concessão da União para explorar esses recursos, mas que as operações atuais não podem ocorrer sem barganha, especialmente diante do contexto de crise bilateral.
Importância dos minerais críticos na economia e tecnologia
O Brasil possui reservas relevantes de cobre, lítio, silício e terras raras, recursos essenciais para o desenvolvimento econômico e tecnológico, como explicou Jungmann. O nióbio, por exemplo, é considerado fundamental para a indústria siderúrgica, pois viabiliza ligas leves, materiais magnéticos e supercondutores.
Geopolítica e a estratégia dos EUA
O interesse dos americanos por minerais estratégicos ganhou destaque após declarações de Donald Trump, em que passou a associar a questão a uma estratégia geopolítica. Desde o início do seu mandato, o ex-presidente adotou uma postura agressiva, ameaçando alianças internacionais e tentando obter controle sobre recursos de países considerados essenciais para sua política energética e de defesa.
Em 2024, o Brasil exportou cerca de 400 milhões de toneladas de minérios, totalizando aproximadamente US$ 43,4 bilhões. Os principais destinos foram China (24%) e Alemanha (12%). As exportações brasileiras de minerais também geraram uma receita de US$ 6,3 bilhões no último ano, enquanto as importações totalizaram aproximadamente 400 mil toneladas, no valor de US$ 4,4 bilhões.
Reforço na relação e próximo passo
De acordo com interlocutores do governo brasileiro, uma missão empresarial deve visitar os Estados Unidos até setembro ou outubro para negociar a estratégia de exportação e atrair importadores americanos a contribuírem com uma negociação mais favorável ao Brasil. A iniciativa foi solicitada por Escobar, que busca fortalecer o diálogo bilateral em meio às tensões atuais.
A reunião reflete um momento de complexidade nas relações, mas também reforça o papel do Brasil como fonte de minerais críticos imprescindíveis para o setor tecnológico global, além de destacar a importância de estratégias diplomáticas duradouras para equilibrar interesses econômicos e geopolíticos.
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