Uma investigação da Polícia Civil de Teresina trouxe à tona um esquema ilegal de cancelamento de multas de trânsito, envolvendo servidores da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans). O esquema é coordenado por um servidor comissionado que, até o momento, está foragido. De acordo com o delegado Ferdinando Martins, do Departamento Estadual de Combate à Corrupção (Deccor), o sistema foi manipulado para beneficiar pessoas ligadas a ex-gestores e outros servidores do órgão.
Descobrindo a fraude: como tudo começou
A investigação teve início após uma denúncia anônima que apontou irregularidades entre fevereiro e junho de 2024. A denúncia levou o Deccor a inspecionar os registros da Strans, onde uma auditoria revelou que 2.215 multas haviam sido excluídas sem a devida formalidade, muitas delas após o horário de expediente. Esta descoberta gerou uma série de ações por parte da polícia.
Os alvos da operação e suas consequências
A Operação Reset, deflagrada em 23 de julho, mirou em três pessoas: Bruno Pessoa, ex-superintendente da Strans; Daniel Araújo, ex-gerente de Gestão de Trânsito e vice-presidente da Federação de Futebol do Piauí; e Lucas Rocha Lima, servidor da Strans. Todos estão sendo monitorados, e mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Lucas, por sua vez, é considerado foragido e ainda não foi localizado.
Consequências legais para os envolvidos
Os investigados estão sujeitos a penas severas, incluindo a exclusão indevida de dados em sistema público, que pode resultar em até 12 anos de prisão, e outros crimes relacionados à associação criminosa. A polícia está determinada a aprofundar as investigações para identificar se outras autoridades e parlamentares estão envolvidas no esquema.
O funcionamento do esquema de exclusão de multas
Segundo a investigação, o ex-superintendente e o ex-gerente tinham a responsabilidade de decidir quais multas seriam excluídas. Os funcionários terceirizados formavam um grupo que tinha acesso ao sistema da Strans e realizavam os cancelamentos. Esses cancelamentos eram feitos de duas maneiras: através de um processo eletrônico formal ou por ordens informais, muitas vezes transmitidas por bilhetes. Isso criou um ambiente propício para a manipulação e a injustiça.
Impacto nas finanças públicas
O impacto financeiro desse esquema é alarmante. Estima-se que a exclusão indevida de multas causou um prejuízo superior a R$ 503 mil aos cofres públicos. Em resposta, a Strans já tomou medidas para reaver as notificações, embora algumas delas não possam ser revertidas por conta do tempo transcorrido.
Investigação em andamento e possíveis envolvimentos
Além dos principais envolvidos, a polícia está investigando se outros gestores e parlamentares participaram do esquema ou se beneficiaram dele de alguma forma. Segundo o delegado Ferdinando Martins, “nosso objetivo agora é esclarecer se houve participação de autoridades superiores e eventuais ordens políticas para a prática dos atos ilícitos”.
A situação é um lembrete da importância da transparência e da responsabilidade no serviço público, e as investigações continuam para que a justiça seja feita e os culpados sejam responsabilizados. A operação visa não apenas punir os envolvidos, mas também reforçar a confiança da população nas instituições de fiscalização e controle.
Esse caso emblemático de manipulação de dados ressalta a necessidade urgente de reformas e melhorias nos sistemas de controle interno, para evitar que irregularidades como essa voltem a ocorrer no futuro.
Conclusão
A Operação Reset revela a complexidade dos crimes de corrupção dentro das instituições públicas e destaca a importância dos mecanismos de denúncia e de supervisão. À medida que a investigação avança, espera-se que medidas rígidas sejam implementadas para coibir novas fraudes e promover uma gestão mais ética e responsável.