Seis meses após ter sido preso por atirar em sua esposa, em uma empregada e em uma enfermeira, o delegado da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Mikhail Rocha, foi promovido. A progressão na carreira do servidor público foi publicada no Diário Oficial do DF na última sexta-feira, dia 18 de agosto.
Entenda o caso
O incidente ocorreu no dia 16 de janeiro deste ano, em um condomínio localizado no Jardim Botânico. Na ocasião, Mikhail Rocha disparou sua arma contra três mulheres: sua esposa, Andréa Rodrigues Machado e Menezes; a empregada, Oscelina Moura Neves de Oliveira; e uma enfermeira do Hospital Brasília. O motivo dos disparos ainda não foi esclarecido oficialmente.
Após o ataque, o delegado tentou fugir levando consigo a criança, um filho de sete anos, que acabou ferido durante o confronto. Ele foi preso no Lago Sul pela Polícia Militar do DF (PMDF) no mesmo dia. Durante a abordagem, Mikhail estava armado com duas pistolas: uma Glock de 9 milímetros, de uso corporativo, e uma Taurus .40, de uso particular, ambas apreendidas.
A promoção polêmica
A promoção do delegadoMikhail Rocha gerou indignação e questionamentos sobre a integridade das políticas de controle e de promoção dentro da PCDF. A discrepância entre a gravidade da situação e a decisão da corporação foi amplamente discutida nas redes sociais, com muitos usuários questionando como um servidor que cometeu crimes tão graves poderia ascender na carreira.
Em resposta às críticas, a PCDF anunciou que a progressão funcional de Mikhail passaria por uma revisão, e que seu nome seria excluído do decreto de promoção. Até o momento, a reportagem não conseguiu localizar a defesa do delegado para comentar sobre o caso.
Quem é Mikhail Rocha?
Mikhail Rocha, natural de São Sebastião, ingressou na PCDF em 2016 e, após uma carreira que começou nas polícias Militar e Rodoviária Federal, já estava em posição de destaque antes do ataque. Com um salário bruto de R$ 34.127, além de R$ 5 mil como coordenador de plantão, o delegado possuía uma posição de prestígio, mesmo antes de sua promoção.
No entanto, a questão salarial levanta mais preocupações. De acordo com o Portal da Transparência do GDF, antes da promoção, Mikhail Rocha já ganhava um salário de R$ 23 mil, o que está acima da média salarial para delegados no país, criando um ambiente ainda mais controverso considerando seu histórico recente.
Impacto social e repercussão
O caso do delegado Mikhail Rocha não é apenas uma questão interna da Polícia Civil, mas também uma representação de um problema maior na sociedade brasileira, onde a violência contra a mulher e o abuso do poder por parte de algumas autoridades ainda são temas que suscitam debates acalorados e exigem uma reavaliação das instituições.
A promoção de Rocha levanta questões sobre a eficácia das políticas de proteção às vítimas e as consequências que atos de violência, especialmente quando cometidos por aqueles que são encarregados de proteger a sociedade, devem ter. Grupos e organizações que lutam pelos direitos das mulheres se pronunciaram contra a decisão da PCDF, ressaltando a necessidade de um rigor maior nas avaliações de conduta de servidores públicos.
À medida que a investigação sobre o caso avança, a sociedade aguarda respostas sobre as mudanças que a PCDF implementará para evitar a repetição de situações semelhantes no futuro. O apoio a vítimas de violência e a promoção de medidas preventivas são ações indispensáveis para construir uma sociedade mais segura e justa.
O incidente e a subsequente promoção de Mikhail Rocha se tornaram um ponto de discussão vital sobre a responsabilidade e a ética no serviço público, evidenciando a necessidade de uma vigilância mais rigorosa sobre as condutas de autoridades que exercem poder sobre a sociedade.
As repercussões desse caso devem ser acompanhadas de perto não apenas pelo impacto que causa nas vítimas, mas também pela mensagem que envia à sociedade sobre a responsabilidade e a moralidade dos que estão em posição de autoridade.
As perguntas que ficam são: o que é necessário para garantir que a violência, especialmente contra mulheres, seja responsabilizada adequadamente? E como as instituições podem proteger as vítimas em vez de recompensar os agressores?
Enquanto isso, o caso de Mikhail Rocha continua a ressoar no debate sobre a ética no serviço público e a história ainda está longe de ser contada.
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