Brasil, 25 de julho de 2025
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Ciência descobre um novo “sentido neurobiótico” no intestino

A pesquisa da Universidade Duke revela como o intestino controla o apetite em tempo real, oferecendo novas perspectivas para controle de peso.

Em uma descoberta inovadora que promete impactar a compreensão da relação entre os intestinos e o cérebro, cientistas da Universidade Duke identificaram um novo “sentido neurobiótico” no cólon. Este sentido permite que o corpo detecte sinais bacterianos e controle o apetite rapidamente, como exposto em um estudo publicado na revista Nature.

O que é o sentido neurobiótico?

De acordo com a pesquisa, células especializadas no cólon podem detectar proteínas bacterianas, especificamente a flagelina, e enviar mensagens ao cérebro sobre a necessidade de parar de comer. Ao monitorar a resposta dos intestinos a esses sinais, os pesquisadores descobriram que a interrupção desse sistema resulta em um aumento significativo na alimentação e no ganho de peso em camundongos. Isso traz novas luzes sobre a ligação entre alterações na microbiota intestinal e a obesidade em humanos.

Como a flagelina sinaliza a saciedade

A flagelina é uma proteína que compõe as estruturas que permitem à maioria das bactérias nadar. Os pesquisadores se concentraram em células gastrointestinais conhecidas como células neuropodais, que estão alinhadas ao cólon e produzem um hormônio chamado PYY. Quando a flagelina se liga a um sensor molecular (TLR5) presente nessas células, a liberação de PYY é ativada, o que, por sua vez, ativa fibras nervosas vagais. Estas transportam sinais do intestino diretamente ao cérebro em questão de segundos, ajudando a regular a ingestão alimentar.

Experimentos mostraram resultados impressionantes

Para verificar se esse sistema realmente influencia o comportamento alimentar, os pesquisadores modificaram geneticamente camundongos para que faltasse o receptor TLR5 especificamente nas células PYY. O resultado foi alarmante: esses camundongos comeram porções maiores e ganharam mais peso do que os normais. O monitoramento durante as refeições revelou que a ausência do sistema de detecção bacteriana levou a um aumento significativo na duração e na quantidade de alimentos consumidos.

Implicações para o controle do peso e da saúde

Atualmente, os medicamentos para perda de peso muitas vezes se concentram em alterar a química cerebral ou desacelerar a digestão. Essa nova pesquisa sugere uma abordagem alternativa: a manipulação do sistema de detecção bacteriana do intestino. Isso poderia levar ao desenvolvimento de tratamentos que potencializam a comunicação natural entre as bactérias intestinais e os centros de controle de apetite do cérebro.

O futuro da pesquisa e as considerações éticas

Embora a pesquisa tenha sido realizada em camundongos, as implicações para humanos são promissoras. A compreensão de como os sinais bacterianos regulam o apetite pode abrir caminho para novas abordagens terapêuticas para problemas como a obesidade, diabetes e distúrbios alimentares. Isso é especialmente relevante, dado que as composições bacterianas dos intestinos variam amplamente entre os indivíduos, o que pode explicar as diferentes respostas ao controle de peso.

É importante observar que essa pesquisa apresenta limitações, incluindo o fato de que os experimentos foram conduzidos em camundongos de laboratório, e mais estudos são necessários para validar esses mecanismos em humanos. Além disso, a pesquisa utilizou apenas um tipo de flagelina, o que demanda investigações adicionais sobre as diversas variantes presentes em outras espécies bacterianas.

No entanto, a descoberta do “sentido neurobiótico” representa um avanço significativo na nossa compreensão da relação entre os intestinos e o cérebro, revelando como essa conexão vital pode influenciar a saúde e o bem-estar ao longo da vida.

Disclaimer: Os dados apresentados são baseados em pesquisas realizadas com camundongos, e mais estudos são necessários para determinar como esses mecanismos se aplicam aos seres humanos.

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