A situação de coleta de lixo em Teresina demanda atenção urgente, diante da recente paralisação das atividades pelos caminhoneiros responsáveis pela remoção do resíduo na capital piauiense. A crise, gerada por salários atrasados, resultou em vários bairros sem receber a coleta regular, causando transtornos para a população.
Acordo para pagamento de salários atrasados
Na noite de quarta-feira (23), a Prefeitura de Teresina anunciou um acordo para quitar os salários pendentes dos caminhoneiros, conforme informações do Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio (Seeacep). O pagamento, que totaliza R$ 2,3 milhões, deve ser realizado até as 12h desta quinta-feira (24). O presidente do Seeacep, Jônatas Miranda, manifestou otimismo com a decisão municipal, afirmando que a coleta de lixo, bem como capina e varrição, já haviam sido reiniciadas. “Os caminhões saíram da garagem [da empresa] ainda ontem à noite,” comentou Jônatas.
Impactos da paralisação
Antes do acordo, os caminhoneiros iniciaram a paralisação na manhã da última terça-feira (22), motivados pela falta de pagamento que se estendia por mais de três meses. A situação levou à acumulação de lixo em diversos bairros da cidade, gerando preocupações com a saúde pública e a limpeza urbana em geral. Em uma manifestação, os caminhoneiros bloquearam o acesso ao aterro sanitário e à garagem da empresa, como forma de protesto contra o descaso com seus salários.
Desligamento do sistema de GPS e burocracia
Um ponto crítico levantado pela Empresa Teresinense de Desenvolvimento Urbano (Eturb) foi o desligamento do sistema de GPS dos caminhões de lixo, que, segundo Carolina Magalhães, chefe da assessoria jurídica da Eturb, ocorreu há mais de dois meses. Essa medida impede que a Prefeitura tenha controle sobre a coleta de lixo, dificultando a identificação de áreas com acúmulo de resíduos. “A Prefeitura não tem como saber, de forma a tentar solucionar o mais rápido possível, onde o lixo está acumulado,” ressaltou Carolina.
Além dos problemas operacionais, a situação se complica ainda mais devido a disputas burocráticas entre a Prefeitura e o Consórcio EcoTeresina, que alega deveres não pagos que ultrapassam R$ 30 milhões. Apesar de a Eturb negar a dívida, a questão se torna um entrave significativo para a continuidade dos serviços de limpeza na cidade.
Promessas não cumpridas?
O ex-vereador Jonas dos Santos, conhecido como Joninha, expressou sua preocupação quanto à situação dos caminhoneiros, enfatizando que, embora a Prefeitura não deva dinheiro ao consórcio, a falta de pagamento aos trabalhadores persiste. “O maior problema aqui é a gestão do pagamento do mês de maio. Tem gente aí também (sem pagamento) do mês de abril, março e até fevereiro,” declarou Joninha, atribuindo a responsabilidade primariamente à falta de ação das empresas envolvidas.
A resposta do Consórcio EcoTeresina
Em um comunicado recente, o Consórcio EcoTeresina atribuiu os problemas enfrentados aos atrasos nas obrigações financeiras da Prefeitura. Em defesa do consórcio, a nota destacava que a inadimplência do município e a administração da Eturb têm comprometido a qualidade e a regularidade dos serviços de coleta de lixo, gerando insatisfação na população. O consórcio alertou que a gestão dessas dívidas afeta diretamente trabalhadores, fornecedores e a operação eficiente do serviço.
A crise do lixo em Teresina, assim, revela um entrelaçado de problemas financeiros, falta de comunicação e gestão inadequada que resulta em precarização de serviços essenciais à comunidade. Enquanto a Prefeitura prometa resolver a situação, a população segue atenta e preocupada com as consequências diretas da ineficiência na coleta de lixo em seus bairros.
Com a expectativa de que os pagamentos prometidos sejam efetivamente realizados, cabe à Prefeitura, ao consórcio e aos trabalhadores estabelecer um diálogo mais amplo e produtivo, visando evitar novas interrupções e garantir a limpeza da cidade para todos os teresinenses.
Leia mais sobre a situação no g1.