Após o anúncio de uma ofensiva de tarifas recíprocas contra diversos países há três meses, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já firmou acordos comerciais com Japão, Indonésia e negocia com a União Europeia, tentando amenizar os impactos. Apesar do avanço diplomático, os custos das tarifas começam a pesar na economia americana, afetando tanto grandes empresas quanto consumidores, enquanto os preços de importação continuam em alta.
Impacto das tarifas nas empresas americanas
A General Motors Co. foi uma das últimas a revelar os efeitos das tarifas elevadas, que reduziram seus lucros em mais de US$ 1 bilhão, já que a companhia optou por absorver o impacto. Essa situação explica, em parte, por que os preços de veículos não refletiram altas recentes nos índices de inflação divulgados na semana passada, diferentemente dos produtos importados, como brinquedos e eletrodomésticos, que tiveram valores elevados.
Preços de importação e resistência dos fornecedores
Dados de junho indicam um aumento relevante nos preços de importação, excluindo combustíveis, sugerindo que fornecedores estrangeiros resistem a reduzir seus preços para compensar o aumento tarifário. Segundo economistas, embora haja sinais de que algumas empresas estrangeiras estejam absorvendo parte do impacto — como fabricantes japoneses que reduziram preços em US$ 1,1 bilhão em junho — a tendência geral mostra alta nos custos para os EUA.
Repasses de custos e expectativas futuras
De acordo com analistas do Wells Fargo & Co., as empresas domésticas estão começando a repassar os custos das tarifas aos consumidores, especialmente na importação de produtos não relacionados a combustíveis. “O aumento recente indica que fornecedores estrangeiros resistem a cortes de preços, e as empresas americanas terão que suportar essa carga por mais tempo”, afirmaram as economistas Sarah House e Nicole Cervi.
Reações políticas e diplomáticas
Trump reiterou que países como as Filipinas “vão pagar tarifas de 19%”, em sua reunião com o presidente filipino, mantendo a postura de que o peso dessas tarifas recai sobre os próprios americanos. Enquanto isso, negociações com a União Europeia caminham para um acordo de 15%, com fontes próximas dizendo que o entendimento está próximo de ser fechado.
Consequências para os consumidores e o dólar
O aumento nas tarifas tem provocado uma redistribuição dos custos internos: as receitas fiscais do governo cresceram, mas o impacto na inflação e no bolso dos consumidores é evidente. Especialistas alertam que a resistência em reduzir preços por parte dos fornecedores estrangeiros favorece uma maior pressão sobre os preços ao consumidor nos próximos meses, além de enfraquecer o dólar, que já apresenta seu pior início de década desde os anos 1970.
Para empresas como 3M e Nike, o planejamento inclui elevação de preços para compensar os custos adicionais das tarifas, estimados em cerca de US$ 1 bilhão pela Nike. Segundo analistas, a tendência é que o peso das tarifas continue sendo suportado pelas empresas internas, reforçando a incerteza econômica.
Próximos passos e possíveis mudanças
Especialistas indicam que, apesar das dificuldades atuais, o cenário poderá evoluir, com empresas buscando alternativas internas ou negociando novos acordos comerciais que reduzam o impacto das tarifas. O governo dos EUA também sinaliza possíveis ajustes nas políticas tarifárias, na busca por equilibrar arrecadação e competitividade.
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