A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) alertou que o novo pacote de tarifas anunciado pelos Estados Unidos pode causar uma queda de até 48% nas exportações do agronegócio brasileiro em 2024. A estimativa é baseada na possibilidade de aumento de até 50% nos custos de entrada dos produtos brasileiros no mercado americano, levando a uma perda de cerca de US$ 5,8 bilhões para o setor.
Impacto das tarifas na exportação agrícola dos EUA
Segundo a CNA, em 2024, o Brasil exportou US$ 12,1 bilhões em produtos do agro para os Estados Unidos. Caso as tarifas sejam implementadas na forma proposta, a demanda por esses produtos nos EUA pode sofrer uma redução significativa, devido à elevada elasticidade de alguns itens, que indica sensibilidade às mudanças de preço.
Variação entre produtos e setores
Os efeitos das tarifas não serão iguais para todas as commodities. Produtos como suco de laranja e açúcares especiais podem ter suas exportações praticamente zeradas. Atualmente, o suco de laranja enfrenta tarifas entre 5,26% e 6,13%. Com a nova proposta, essas tarifas subiriam para mais de 55%, tornando o produto inviável para os consumidores americanos. A CNA estima uma queda de 100% nas exportações desse item.
Da mesma forma, o álcool etílico, atualmente com tarifa de 2,5%, passaria para 52,5%, levando a uma previsão de redução de até 71% no volume exportado.
Por outro lado, produtos como o café verde apresentariam impactos menores, com previsão de redução de 25% nas exportações. A oferta global de café vem encolhendo nos últimos anos, o que limita a substituição por parte dos EUA, mesmo com o aumento de tarifas para 50%.
Outros setores afetados
- Carne bovina: queda de 33% no valor exportado;
- Sebo animal: redução de 50%;
- Madeira industrializada: retração de até 100% em itens como portas e caixilhos;
- Pasta de celulose: perda de 25%.
Riscos à competitividade brasileira e necessidade de novas estratégias
De acordo com a CNA, o aumento das tarifas representa um risco direto às exportações brasileiras e à competitividade do setor agro no mercado internacional. “A maioria dos produtos exportados para os EUA tem elasticidade inferior a -1, ou seja, são altamente sensíveis a variações de preço. Um aumento tarifário dessa magnitude pode expulsar o Brasil de um dos principais mercados globais”, alerta a confederação.
A análise, baseada nos dados de comércio dos últimos cinco anos, reforça a necessidade de buscar novos mercados ou negociar acordos bilaterais que possam proteger os produtos brasileiros da sobretaxa. Segundo a CNA, o pacote de tarifas ainda depende de formalização e está sujeito a possíveis alterações.
Para manter sua presença no mercado americano, o Brasil precisa agir rapidamente e explorar alternativas de negociação, além de ampliar sua participação em outros países.
Fonte: O Globo