Nesta quarta-feira (23), aliados de Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado pelo PL de São Paulo, relataram que Heloísa, sua esposa, teve suas contas bancárias no Brasil bloqueadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo informações, o bloqueio aconteceu sem notificação direta da Corte, sendo a mulher do parlamentar informada sobre a restrição ao tentar fazer uma transferência financeira.
Investigação e bloqueios relacionados
Eduardo Bolsonaro está sob investigação no STF por diversas acusações, incluindo coação no curso do processo e obstrução de Justiça. Ele também é acusado de articular sanções norte-americanas contra instituições brasileiras e de buscar uma tentativa violenta de abolição do Estado Democrático de Direito. Após o anúncio do bloqueio de suas contas, Eduardo revelou que havia restrições impostas pelo tribunal.
A família Bolsonaro reside nos Estados Unidos desde março, quando o deputado decidiu pelo autoexílio no país. O inquérito que investiga Eduardo está sendo conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, conhecido por liderar importantes investigações que visam pressionar o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. Entre esses inquéritos estão os relacionados a fake news e a chamada “trama golpista”, que pode levar à prisão de Jair ainda este ano.
Contexto do bloqueio e a situação financeira
Enquanto Heloísa não está sob investigação, a estadia da família nos Estados Unidos é bancanda por doações feitas via Pix de apoiadores de Jair Bolsonaro, conforme declarado pelo próprio ex-presidente. A origem do financiamento do autoexílio foi um dos fatores que motivaram a abertura do inquérito contra Eduardo, a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR).
Desde a última sexta-feira, o STF também proibiu a comunicação entre Eduardo e seu pai, Jair, como parte do mesmo inquérito. Esta escalada de tensões seguiu uma série de eventos que incluiu um tarifão de 50% sobre produtos brasileiros imposto pelo então presidente americano Donald Trump, em resposta a alegações de “caça às bruxas” contra o ex-presidente do Brasil. Inicialmente, Eduardo buscou se colocar como figura central na articulação dessa medida na Casa Branca.
A busca de Eduardo por sanções contra autoridades brasileiras
Eduardo Bolsonaro tem se esforçado para implementar a chamada Lei Magnitsky Global, uma legislação que permite sanções a autoridades estrangeiras por violações de direitos humanos. A lei, que foi sancionada durante o governo de Barack Obama, inclui restrições severas, comparáveis a uma “pena de morte financeira”. As sanções propostas incluíam o cancelamento de vistos e a proibição da entrada de Moraes e outras autoridades do Judiciário brasileiro nos EUA.
Além disso, as sanções comerciais anunciadas por Trump criaram divisões dentro da direita brasileira, em decorrência dos impactos econômicos das tarifas. Eduardo argumentou que as ações de Moraes só seriam possíveis devido ao apoio de um “establishment” político e institucional que, segundo ele, precisa arcar com as consequências de sua “aventura autoritária”.
Retaliações e busca por anistia
Atualmente, Eduardo parece estar se afastando das retaliações de Trump, embora continue apoiando as tarifas como uma forma de pressão pela anistia “ampla, geral e irrestrita” para bolsonaristas que enfrentam investigações judicial.
Com a situação em constante evolução, muitos questionam qual será o próximo passo para Eduardo Bolsonaro e seu círculo de aliados, especialmente diante da pressão crescente do STF e das implicações legais decorrentes de suas atividades nos Estados Unidos.
Até o momento, o STF não se manifestou sobre o caso das contas bloqueadas de Heloísa, e a repercussão política continua a se desdobrar em um cenário que cada vez mais se torna tenso para a família Bolsonaro.