A Prefeitura de Jacareí, situada no interior de São Paulo, está em uma disputa com a montadora Caoa Chery que pode levar à desapropriação da área anteriormente doada para a fábrica da empresa. A unidade, que está inativa há três anos, não apresentou um plano de reativação das atividades, o que gerou a preocupação da administração municipal em garantir os interesses da sociedade.
A crise da fabricação de veículos na cidade
Em postagens nas redes sociais, o prefeito Celso Florêncio (PL) expressou sua frustração ao afirmar que, apesar das tentativas de diálogo com os representantes da Caoa Chery, não houve retorno. Após essa falta de comunicação, a prefeitura decidiu adotar uma postura mais firme e formalizou a notificação à montadora em dois ofícios. O mais recente, datado de segunda-feira, 21 de agosto, estabelece um prazo de 45 dias para que a empresa apresente um plano concreto para retomar as operações da fábrica.
O documento enviado pela prefeitura destaca a urgência em solucionar a questão, uma vez que a inatividade da planta industrial não apenas causa prejuízos ao município, mas também frustra as expectativas de desenvolvimento econômico. A prefeitura argumenta que a unidade deveria gerar mais de 3.000 postos de trabalho, mas em 2020 contava apenas com 444 funcionários, um número muito aquém do acordado.
Desapropriação e investimento público
Se a resposta ou o acordo não forem alcançados dentro do período estipulado, a prefeitura iniciará o processo de desapropriação da área, que envolve uma indenização estimada em R$ 17,7 milhões aos cofres públicos. A medida é defendida pelo município com base em um parecer técnico-econômico que menciona investimentos de aproximadamente R$ 46 milhões em infraestrutura e incentivos fiscais para a instalação da fábrica, que possui avaliação de mercado em R$ 63 milhões.
A administração municipal alega que o imóvel não está cumprindo sua função social e que essa situação pode resultar em desapropriação-sanção. “O descumprimento dos encargos e a ausência de contrapartida econômica justificam a adoção de medidas para reaver o bem ou os valores investidos, a fim de resguardar o interesse público”, menciona o documento.
A história da Caoa Chery em Jacareí
A fábrica da Caoa Chery foi inaugurada em 2014 e representou um investimento significativo por parte da montadora chinesa, que, até então, enfrentava dificuldades de vendas no mercado brasileiro. Após uma associação com a CAOA em 2017, a expectativa era que essa parceria revertesse os resultados insatisfatórios.
No entanto, em 2022, a montadora anunciou a demissão de 485 funcionários, alegando que a fábrica passaria por adequações para a produção de veículos elétricos, mas até o presente momento, nada mudou. A unidade continua desativada, representando uma incógnita para os trabalhadores e para a economia local.
O que esperar no futuro?
A situação continua a evoluir enquanto as partes envolvidas tentam chegar a um consenso. Com a ameaça de desapropriação pairando sobre a Caoa Chery, o futuro da fábrica em Jacareí é incerto. A expectativa é que um entendimento possa ser alcançado a fim de reiniciar as operações e, consequentemente, beneficiar a comunidade local com novas oportunidades de emprego e desenvolvimento econômico.
A população de Jacareí aguarda ansiosamente as próximas etapas desta negociação e a possível volta da indústria automobilística à cidade, que, por muitos anos, foi um centro de produção e emprego no setor.
Embora a situação seja delicada, a pressão da prefeitura pode resultar em um reinício estratégico para a Caoa Chery, ou em uma reavaliação do uso da área desapropriada, caso sejam mantidas as incertezas e a desativação da planta industrial.