No coração do Sudeste Asiático, duas irmãs missionárias compartilham uma mensagem poderosa de fé e esperança. Elas atuam em Mianmar, onde a realidade política e social é marcada por desafios imensos. O depoimento delas destaca a importância de um espírito missionário que, apesar das dificuldades, nunca se abate. “Nunca fechamos a porta, porque nosso espírito, feito de missionariedade e criatividade, nunca morrerá”, afirmam com convicção.
O contexto em que atuam
Localizadas na aldeia de Alangong, a mais de 300 quilômetros de Naypyidaw, capital de Mianmar, as duas irmãs missionárias operam em uma das regiões com maior concentração de budistas do mundo, onde apenas 11 famílias católicas habitam cinco aldeias diferentes. O desafio é monumental, especialmente durante a estação das chuvas, quando as dificuldades de transporte impedem que padres cheguem até elas. O compromisso das irmãs vai além da religião; elas se esforçam para manter a comunidade unida e acolhedora, buscando sempre estar presentes. “A antiga situação em que recebíamos padres apenas uma ou duas vezes ao ano mudou. Nos dias atuais, eles vêm uma ou duas vezes por mês. Apesar de tudo, nosso objetivo é claro: manter a presença cristã aqui”, exclamam.
Os desafios da missão em Mianmar e Laos
As irmãs, que preferem permanecer anônimas devido à delicadeza de suas situações, enfrentam importantes desafios socioeconômicos e políticos. Mianmar, desde 2021, se encontra em uma violenta repressão após um golpe militar, enquanto no Laos a sociedade civil é constantemente controlada. Apesar do risco, uma das missionárias destaca com esperança: “Desde que estou em Mianmar, em 2017, nunca tivemos problemas de segurança. No entanto, nosso papel aqui não é o de converter, mas de ouvir e compreender o povo que vive em grande pobreza e solidão”.
Empoderando mulheres e comunidades
O trabalho das irmãs não se limita ao âmbito religioso; é uma ação social que se concentra no fortalecimento das mulheres. Com a intenção de educar e capacitar professores locais, elas adotam uma abordagem centrada no método Montessori, priorizando a individualidade e o respeito. “Estamos aqui para ajudar as mulheres a redescobrirem sua dignidade. Elas enfrentam dificuldades enormes apenas por serem mulheres que administram a terra, e precisam ter um espaço para se desenvolver”, conta uma das freiras, ressaltando o impacto que a missão exerce na vida das mulheres locais.
A importância da educação nas comunidades
Um fato curioso é que, dentre as 90 mulheres que participam dos cursos de formação, somente 8 são católicas, enquanto as outras provenientes de diferentes origens religiosas e étnicas, unidas pela intenção de querer aprender. “É gratificante perceber que estamos formando laços sem homogeneizar as diferenças”, relata a missionária do Laos. Apesar das dificuldades enfrentadas, como estradas intransitáveis e limitações de infraestrutura, o compromisso com a educação e a capacitação continua firme, ressaltando que o verdadeiro propósito é preparar as futuras gerações. “Nós não estaremos aqui para sempre; nossa responsabilidade é nutrir os jovens, especialmente as mulheres”, afirmam as irmãs com determinacão.
Preservando a fé em meio às adversidades
A realidade em que as irmãs operam é desafiadora. As missas são celebradas com frequência esporádica, apenas quatro vezes ao ano, e muitos têm receio de expressar sua fé. Mesmo assim, testemunhos de esperança emergem: “É gratificante ver que os seminaristas são cada vez mais locais. As escolas públicas também começaram a nos buscar para formar seus educadores, o que é um grande sinal de reconhecimento.”. As irmãs perpetuam a ideia de que, por mais duras que sejam as circunstâncias, o amor de Deus e o espírito missionário nunca devem ser esquecidos: “Nunca fechamos a porta. Deus é a única certeza que nos sustenta.”
O compromisso das irmãs do Menino Jesus com as comunidades de Mianmar e Laos é um testemunho de que a fé e a esperança podem prosperar em meio à adversidade. Suas iniciativas precisam ser amplamente reconhecidas e apoiadas, uma vez que elas não apenas transformam vidas, mas também semeiam um futuro melhor para todos ao seu redor.