O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (23) que as medidas tomadas por governadores de alguns estados contra a ameaça de tarifas de Donald Trump possuem impacto limitado, considerando o volume de exportações brasileiras para os EUA, que soma cerca de US$ 40 bilhões ao ano. Segundo Haddad, as ações regionais representam apenas uma parcela dessas exportações e, por isso, sua efetividade é restrita.
Medidas regionais têm efeito limitado
Governadores como Tarcísio Gomes de Freitas, de São Paulo, e Ronaldo Caiado, de Goiás, anunciaram iniciativas voltadas a setores afetados pela possível tarifação. No entanto, Haddad destacou que tais ações possuem alcance restrito. “São movimentos um pouco restritos, não têm alcance. Uma linha de R$ 200 milhões (…) Estamos falando de US$ 40 bilhões de exportação. Estamos falando de um problema de escala maior”, afirmou ao deixar a sede da Fazenda, na noite desta quarta-feira.
Reconhecimento de esforços e realidade do problema
Apesar da crítica às ações regionais, o ministro ressaltou que toda ajuda é bem-vinda e comentou que os governadores estão percebendo que o problema afeta o país como um todo. “É bom saber que os governadores estão mobilizados, percebendo finalmente que esse é um problema do Brasil, não é de governo, é do Estado brasileiro”, afirmou, reforçando a mudança de postura dos líderes estaduais em relação à questão.
Contato com o governo americano e próximos passos
Questionado sobre uma possível sinalização de recuo por parte dos Estados Unidos, Haddad informou que o Brasil tem feito tentativas de contato, mas a maioria das informações está concentrada na Casa Branca. “A informação que chega é que o tema está muito concentrado na assessoria da Casa Branca. Daí, a dificuldade de entender o movimento de lá”, declarou, acrescentando que o Brasil permanece disposto ao diálogo, desde que haja vontade recíproca.
O ministro explicou que, nesta quarta-feira, as equipes técnicas dos ministérios envolvidos concluíram um plano de contingência para ajudar setores afetados, cujo conteúdo será apresentado ao presidente Lula na próxima semana. Haddad afirmou que pretende levar o pacote ao chefe do Executivo na semana que vem, após uma reunião com a equipe política do governo, já que o presidente estará ausente nesta quinta e sexta-feira.
Futuro do pacote de ajuda
“Vamos marcar uma reunião para apresentar os cenários possíveis. Evidentemente, não será uma decisão nossa, será uma decisão dele, política. Ele vai ouvir o Itamaraty, saber como andam nossos contatos com a contraparte”, explicou Haddad. As negociações e possíveis medidas de apoio devem ser detalhadas ao chefe do Executivo na próxima semana, conforme o ministro.
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