Integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do setor privado avaliam que as novas sobretaxas sobre as importações dos Estados Unidos — de até 50%, com a tarifa de 50% sendo a mais alta — devem mesmo entrar em vigor a partir de 1º de agosto, conforme anúncio da Casa Branca. Apesar de rumores sobre adiamentos, a expectativa é que a medida seja implementada sem alterações, a nove dias da data prevista.
Expectativa de entrada em vigor das tarifas de Trump
Segundo fontes próximas às negociações, o adiamento solicitado pelos EUA para discutir acordos bilaterais vem se tornando cada vez mais improvável de acontecer. “A hipótese de uma postergação se distancia, dado o calendário e o posicionamento do governo americano”, afirmou uma fonte do setor econômico consultada pelo GLOBO.
Esforços diplomáticos e negociações informais
Apesar do cenário adverso, há a avaliação de que uma missão oficial de representantes do governo brasileiro para Washington ainda seja uma possibilidade para destravar o diálogo. Algumas autoridades consideram que uma visita poderia acelerar a resposta dos EUA, que mantém contato informal com interlocutores brasileiros. Vale destacar que o Brasil enviou uma carta aos EUA, em 16 de maio, solicitando negociações específicas para uma lista de produtos, sem resposta definitiva até o momento.
Ações do setor privado e estratégias futuras
Empresas brasileiras dependentes de importações dos EUA ou com investimentos norte-americanos no Brasil defendem pressão diplomática e ações conjuntas entre setor público e privado para influenciar Washington. Como exemplo, países como União Europeia, Canadá e México vêm adotando estratégias de pressão bilateral para evitar ou minimizar o impacto das tarifas.
Impactos econômicos e possíveis retaliações
O setor de bens de capital calcula prejuízos de até US$ 4 bilhões devido às tarifas de Trump, conforme estimativas. Ainda assim, uma retaliação direta, com aumento de tarifas brasileiras sobre produtos americanos, é praticamente descartada. Empresários avaliam que a alternativa pode estar na restrição à propriedade intelectual, como a cassação de patentes de medicamentos, ou na elevação de tributações sobre filmes e livros produzidos nos EUA.
Perspectivas de negociação e cenário internacional
A estratégia do Brasil, até o momento, concentra-se em diálogos informais e tentativas de convencimento por meio de contatos reservados. Especialistas alertam que as exportações brasileiras para os EUA, que somaram US$ 40 bilhões em 2024, representam apenas 1,2% do total importado pelos americanos (US$ 3,3 trilhões), o que reduz a prioridade do país na agenda comercial americana.
Por fim, a ida de membros do governo brasileiro aos EUA para fomentar negociações é vista como uma medida importante. Ainda assim, a maior parte das ações oficiais depende de uma resposta clara de Washington, especialmente diante da postura adotada pelo governo Trump, que manteve críticas ao protecionismo e às recentes declarações de Lula sobre o ex-presidente Donald Trump e sua influência na política brasileira.