O caso de Gabriella Andrade Viegas de Arruda, estudante de medicina em Anápolis, Goiás, ganhou destaque após alegações de que ela teria tentado enganar o sistema público para manter sua bolsa integral no Programa GraduAção. A situação se complicou ainda mais quando o juiz Gabriel Lisboa, da Vara da Fazenda Pública Municipal, tomou conhecimento das informações através de redes sociais, com ênfase no TikTok.
Acusações graves e investigação aberta
Gabriella, que declarou uma renda familiar de apenas três salários mínimos, foi acusada de ostentar um estilo de vida que não condiz com sua declaração de pobreza. O juiz Lisboa, após avaliar a presença da jovem em viagens internacionais e sua paixão por atividades físicas, questionou a veracidade de suas alegações. Ele afirmou que a realidade apresentada nas redes sociais era incompatível com a necessidade de auxílio financeiro que a estudante alegou.
O magistrado decidiu encaminhar o caso ao Ministério Público de Goiás (MPGO) para que investigasse não apenas a conduta da estudante, mas também a situação de sua família. O juiz destacou a possibilidade de utilizar as informações coletadas para verificar a dívida da estudante com a Receita Federal.
Relação familiar e renda inesperada
A investigação revelou que a mãe de Gabriella possui uma empresa registrada no mesmo endereço da estudante, o que levanta suspeitas sobre uma possível renda adicional não declarada. O avô materno da jovem também está envolvido, como sócio-administrador de uma empresa com capital social significativo, o que contradiz a narrativa de que a estudante vivia em condições de pobreza com os avós.
Programa GraduAção em questão
Gabriella ingressou no curso de medicina em 2020 e é beneficiária do Programa GraduAção da Prefeitura de Anápolis, que visa conceder bolsas a estudantes cuja renda familiar não ultrapasse seis salários mínimos. No penúltimo semestre, ela teve sua bolsa suspensa e recorreu à Justiça para reverter a decisão. No entanto, o juiz identificou possibilidades de conflito de interesse, já que a advogada que representava a estudante é, na verdade, sua mãe e funcionária pública com um salário considerável, que contradiz os dados financeiros apresentados.
Resposta da Prefeitura e reavaliação do programa
Em resposta à polêmica, a Prefeitura de Anápolis declarou que formou uma comissão para revisar os critérios do Programa GraduAção. A nota ressalta que, devido à falta de uma base de dados confiável para validar as declarações dos beneficiários, a cidade irá aguardar a conclusão das investigações para determinar os próximos passos do programa de bolsas.
A situação de Gabriella levanta questões críticas sobre a transparência e a integridade dos sistemas de bolsa de estudos no Brasil. A necessidade de um processo claro e rigoroso para avaliar a elegibilidade dos candidatos se torna evidente à medida que casos como o de Gabriella emergem, destacando a importância de uma ação preventiva para evitar fraudes e garantir que os recursos sejam alocados a quem realmente necessita.
O desdobramento desse caso será monitorado de perto, na expectativa de que ações efetivas sejam tomadas para prevenir futuras irregularidades no processo de concessão de bolsas de estudo no país.